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sexta-feira 5 de agosto de 2022 às 18:06h

O que é a “linha mediana” de Taiwan que a China não respeita?

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A invasão da Ucrânia pela Rússia despertou o fantasma da guerra na Europa e levou os analistas a alertarem para as repercussões que o conflito poderia gerar em outras regiões do planeta com tensões mais ou menos adormecidas. quase seis meses depois, os alarmes soam para a possibilidade de um novo conflito, centrado na pequena ilha democrática de Taiwan e na sua vizinha, a superpotência autocrática da China. Desde que a presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, visitou Taiwan, na primeira visita de uma alta patente norte-americana em 25 anos, Pequim, que considera o território como parte da República Popular da China, tem cruzado a linha mediana entre os dois territórios e realizado exercícios militares em torno da ilha.

O que é a linha mediana de Taiwan?

“Trata-se de uma linha que divide as águas territoriais entre Taiwan e a China”, começa por explicar à CNN Portugal o especialista em diplomacia e estudos asiáticos Tiago Ferreira Lopes.

Ela está localizada no Estreito de Taiwan – um estreito com menos de 128 quilómetros de largura no seu ponto mais próximo – e é uma espécie de “fronteira” não oficial que surgiu durante a Guerra Fria para reduzir os riscos de confronto entre os dois territórios. (Ver imagem no topo deste artigo)

A linha mediana “surge em 1954, quando é assinado o tratado de defesa mútua entre os EUA e Taiwan”, recorda o especialista. Só que esse tratado foi abandonado em 1979, quando os EUA retomaram as relações diplomáticas com a China. “Interessou aos EUA que, durante toda a segunda metade da Guerra Fria, esta linha desaparecesse e ela só foi retomada a partir de 1992, como resposta ao Massacre de Tiananmen, que ocorreu em 1989”, explica Tiago Ferreira Lopes.

A linha medidana de Taiwan não é no entanto reconhecida nem pela maioria dos países, nem pela própria Organização das Nações Unidas. Apesar de se ter tornado uma democracia vibrante, com suas próprias forças armadas, moeda, constituição e governo eleito, Taiwan não é reconhecida como um país independente pela maioria dos governos do mundo e tem-se tornado cada vez mais isolada diplomaticamente. Tiago Ferreira Lopes recorda que há apenas 15 Estados que reconhecem a ilha como sendo um território independente.

“Do ponto de vista dos EUA, interessa validar a narrativa de que essa linha separa a autoridade marítima de Taiwan da China. É um conceito de ambiguidade estratégica. Os EUA não reconhecem a soberania de Taiwan, nem a autoridade da China, mas apresentam uma neutralidade colaborante porque vendem equipamento militar a Taiwan”, frisa o professor.

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