Concentrado nas falas do primeiro dia de seu julgamento, Jair Bolsonaro fez um balanço do que viu e destacou duas falas do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux. O ex-presidente deixou claro a aliados que as manifestações que mais o agradaram foram as divergências abertas pelo magistrado. As informações são do jornal, O GLOBO.
Duas delas foram elogiadas por Bolsonaro em conversas com integrantes do PL, seu partido. Uma foi quando Fux concordou com o pedido de sua defesa para que o caso da tentativa de golpe fosse julgado pelo plenário do STF, que inclui os 11 ministros da Corte, e não da Primeira Turma, onde está sendo analisado pelos cinco magistrados que integram o colegiado.
— Ou nós estamos julgando pessoas que não exercem função pública e não têm prerrogativa de foro no Supremo, ou estamos julgando pessoas que têm essa prerrogativa, e (nesse caso) o local correto seria efetivamente o plenário do STF — afirmou Fux.
Outro momento que o ex-presidente chamou atenção foi a referência do magistrado à delação premiada de seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid.
— Vejo com muita reserva nove delações de um mesmo colaborador, cada hora acrescentando uma novidade. Em se tratando deste momento, eu me reservo o direito de avaliar, no momento próprio, a legalidade e a eficácia dessas delações sucessivas, mas acompanho (o voto do relator) no sentido de que não é o momento de se decretar a nulidade — disse Fux. Como informou O Globo, a fala foi comemorada pela defesa do capitão reformado.
Segundo auxiliares de Bolsonaro, ele voltará ao STF nesta quarta-feira para acompanhar a terceira sessão do julgamento in loco. Nesta terça-feira, o ex-presidente compareceu às duas sessões, saindo apenas para almoçar numa churrascaria com os advogados e o deputado federal Mário Frias (PL-RJ).
A avaliação feita foi a de que o tom adotado pelos magistrados, inclusive Alexandre de Moraes, foi respeitoso e dentro do esperado. O único momento visto por Bolsonaro e seu entorno como uma “demonstração de força” do ministro foi a fala de que o Judiciário não se intimidará com “milícias digitais nacionais ou estrangeiras”. A manifestação foi encarada como um recado ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Fux foi presidente do STF de 2020 a 2022, quando jair Bolsonaro era presidente da República. Na ocasião, ele sucedeu Dias Toffoli, que manteve ótima relação com o capitão reformado. Neste período, porém, o ministro também chegou a ter uma aproximação com Bolsonaro.