Os motoristas que trafegam pelas BRs 324 e 116 na Bahia podem estar prestes a enfrentar um novo capítulo de insatisfação. Mesmo com a saída da ViaBahia da administração das rodovias — algo aguardado com expectativa por muitos usuários — a proposta de contrato da nova concessão apresentada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) levanta um sinal de alerta.
De acordo com o modelo estudado pela agência, a nova concessionária poderá dobrar o número de praças de pedágio atualmente existentes. Um dos trechos mais movimentados e importantes do estado, que liga Salvador a Feira de Santana, pode saltar de dois para quatro postos de cobrança.
Mais pedágios, mais arrecadação — e o mesmo problema de sempre?
A justificativa da ANTT é baseada em um novo modelo de concessão que prevê investimentos em obras e melhorias, o que, segundo o órgão, demandaria maior arrecadação para garantir a viabilidade financeira do projeto. No entanto, para os baianos que já convivem com tarifas altas e infraestrutura aquém do prometido, o anúncio é visto com desconfiança.
A gestão da ViaBahia ao longo dos últimos anos foi alvo de críticas constantes por parte da população e de autoridades locais, que apontaram falhas graves no cumprimento do contrato, falta de investimentos e péssima qualidade do serviço prestado. Agora, a possibilidade de se pagar ainda mais, antes mesmo de se conhecer os resultados da nova administração, gera apreensão.
Falta de diálogo e transparência
Outro ponto criticado é a ausência de participação efetiva da sociedade civil no processo de reformulação do contrato. Prefeitos, deputados estaduais e organizações de defesa dos consumidores têm cobrado mais transparência e debate público sobre os termos do novo acordo. Muitos se perguntam: quem vai fiscalizar o cumprimento das promessas? Haverá garantias reais de melhorias antes do aumento no número de praças?
Impacto direto no bolso e na mobilidade
A duplicação das praças de pedágio terá impacto direto não apenas sobre o bolso dos motoristas, mas sobre a logística de transporte de cargas e passageiros na Bahia. Salvador e Feira de Santana compõem um dos eixos econômicos mais importantes do estado, e qualquer mudança no custo de deslocamento afeta toda a cadeia produtiva e o dia a dia da população.
O que esperar daqui pra frente?
A expectativa agora é de que o Tribunal de Contas da União (TCU), que também precisa aprovar o novo contrato, analise com rigor os termos propostos. Parlamentares baianos prometem mobilização para evitar o que consideram um “retrocesso disfarçado de modernização”.
Para os usuários das BR-324 e BR-116, a esperança é que a troca de comando traga, de fato, melhorias reais — e não apenas mais encargos e promessas no papel.