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segunda-feira 4 de janeiro de 2021 às 06:57h

Nome do candidato a governador do PT, PP e PSD será decidido em março de 2022, diz Otto

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O senador Otto Alencar afirmou em entrevista ao jornal Tribuna que continua com o nome colocado para a corrida eleitoral de 2022. Contudo, afirmou que não será um obstáculo para manter a aliança entre PSD, PT e PP na escolha de um nome para representar o grupo do governador Rui Costa (PT). “Nós temos um grupo unido e forte, que tem outros nomes colocados além do meu, que está colocado. Mas tem o nome do senador Jaques Wagner e tem também a pretensão do vice-governador João Leão. Então isso vai ser decidido em março de 2022”, avaliou.

Sobre o suposto favoritismo de Wagner para ser o candidato escolhido, Otto é cauteloso. “O nome de Wagner está colocado. É um nome bom, capaz. Ele foi um bom governador. Fui o vice dele e o secretário de Infraestrutura. Mas eu não posso ser um oráculo para saber o que vai acontecer em março de 2022”, avalia.

Sobre as eleições municipais, o presidente estadual do PSD na Bahia celebrou o resultado no interior. Em Salvador, todavia, ele afirma que o prefeito eleito Bruno Reis (DEM) acertou ao ser lançado candidato com antecedência. “Quando o governador Rui Costa se articulou para organizar as candidaturas, faltavam cerca de cinco meses para a eleição. Os candidatos não eram tão conhecidos. Isso faz parte da estratégia que foi lançada e que deu certo para Bruno. Para nós da oposição, tivemos candidaturas lançadas recentemente. Para a política municipal, o eleitor tem que conhecer bem o candidato”, pondera.

Como avaliou as últimas eleições municipais na Bahia e, especificamente, falando sobre o desempenho do PSD na eleição de prefeitos e vereadores?

Otto Alencar – O PSD é um partido que está bem organizado no Estado, não por minha ação, mas pela ação de todos os componentes: o senador Angelo Coronel; os seis deputados federais; os dez deputados estaduais; mais uma centena de prefeitos e prefeitas que já tinham mandato. Pela organização e tamanho do partido, que já tem essa força, nas eleições conseguimos manter isso. Conseguimos chegar a 109 prefeituras. Foi a expectativa. Em alguns municípios ficou constatado que os recursos repassados pelo Governo Federal para os municípios, e eles foram significativos e abundantes, deram condição boa de reeleição para quem estava no cargo. Isso me surpreendeu em alguns municípios que nós esperávamos vencer e perdemos. Municípios não muito bem administrados e com ótimas avaliações de gestão?

Em relação a Salvador, como foi a vitória de Bruno Reis na sua opinião? Quais foram os maiores erros dos candidatos do governo Rui Costa?

Otto Alencar – O Bruno foi lançado candidato do prefeito ACM Neto ainda em março de 2017. Ou seja, o prefeito se reelegeu e lançou a sua candidatura. Todos sabiam que ele era o candidato. Foi lançado há praticamente três anos e meio antes da eleição de 2020. Então, ele ficou sozinho por esse período inteiro sem ter um nome do nosso grupo que pudesse pelo menos andar Salvador. Ele pôde andar por Salvador, como andou, e levou obras para a periferia. E na política municipal funcionam muito bem as obras que possam atender as pessoas próximas das suas residências. O governador Rui Costa fez obras importantes para Salvador, mas a Prefeitura fez obras que tiveram efeito político maior. Programas importantes foram desenvolvidos e tocados por Bruno Reis. Ele passou três anos sendo um candidato olímpico, fazendo campanha. Isso o aproximou muito das pessoas. Quando o governador Rui Costa se articulou para organizar as candidaturas, faltavam cerca de cinco meses da eleição. Os candidatos não eram tão conhecidos. Isso faz parte da estratégia que foi lançada e que deu certo para Bruno. Para nós da oposição, tivemos candidaturas lançadas recentemente. Para a política municipal, o eleitor tem que conhecer bem o candidato. Os benefícios de uma prefeitura chegam mais próximos aos cidadãos do que os programas executados pelo Governo do Estado. O prefeito [ACM Neto] o colocou como Primeiro-Ministro da Prefeitura. A estratégia funcionou.

Na sua opinião, quais foram os principais erros e acertos do prefeito ACM Neto?

Otto Alencar – Não posso pontuar erros e acertos. Certamente, o principal acerto de um gestor é fazer um ajuste fiscal. Ou seja, gastar menos do que arrecada, compatibilizar receita e despesa para sobrar dinheiro para fazer investimentos – sobretudo nas áreas mais carentes. Acho que é por aí. Em 2002, no ano que fui governador, o prefeito era Antonio Imbassahy, fiz um convênio para ele fazer um programa chamado Cores da Cidade que recuperava as casas das pessoas. Foi um programa vitorioso. Um dos programas que considero positivo do prefeito ACM Neto foi esse que ele copiou da gente, o Morar Melhor. O benefício entrou na casa das pessoas. Ou seja, aquela casa que estava estragada, teve recuperação do piso, do reboco interno, da pia, do sanitário… Quando os benefícios dos governos entram na casa das pessoas, elas não esquecem quem levou o benefício.

O senhor pretende ser candidato ao Governo do Estado em 2022? Se não for o senhor, o PSD pretende lançar um nome?

Otto Alencar – Essa pergunta só posso responder lá adiante, em março de 2022. Nós temos um grupo unido e forte, que tem outros nomes colocados além do meu, que está colocado. Mas tem o nome do senador Jaques Wagner e tem também a pretensão do vice-governador João Leão. Então isso vai ser decidido em março de 2022. O que posso garantir é que não serei obstáculo. Trabalho sempre pela unidade. No entanto, posso lhe assegurar que sempre que tive missões dadas pelo povo, desempenhei com muita firmeza e dedicação, cumprindo exatamente o que a população confiou no meu trabalho. Isso é uma coisa que será decidida lá adiante.

Então o nome de Jaques Wagner ainda não é um consenso no grupo, apesar de ter se falado muito nele como nome do PT para 2022?

Otto Alencar – Consenso… Você está me perguntando uma coisa que eu não posso lhe responder. Se é ou não consenso. Só posso lhe responder em março de 2022. O nome de Wagner está colocado. É um nome bom, capaz. Ele foi um bom governador. Fui o vice dele e o secretário de Infraestrutura. Mas eu não posso ser um oráculo para saber o que vai acontecer em março de 2022. Não tenho essa capacidade de adivinhar o futuro.

O senhor está acompanhando as discussões em torno da disputa pela Presidência da Assembleia Legislativa da Bahia? Como está vendo a insistência do PP de manter o comando da Casa?

Otto Alencar – Olha, [vejo] com muita tranquilidade. Sempre coloquei minha posição contra a mudança na Constituição Federal [que proíbe reeleição nas casas legislativas]. Tanto é que o Supremo Tribunal Federal confirmou isso. Não tenho absolutamente nada contra o presidente Nelson Leal. É meu amigo. Já contribuí para a sua eleição a deputado estadual e ele sabe disso. Agora, existe um acordo, avalizado pelo governador Rui Costa. Tenho certeza, pelo que eu conheço o governador, que é um homem de palavra, será mantido.

O senhor acha que essa falta de consenso no momento em relação a esse acordo pode trazer riscos e talvez ocasionar uma fissura na base do Governo do Estado?

Otto Alencar – Da nossa parte, não. O PSD quer contribuir para a unidade. Essa contribuição tem sido mostrada com muita clareza ao longo desses anos que nós formamos essa aliança – desde 2010, quando fui vice de Jaques Wagner. Nós temos prudência, que é uma coisa fundamental na política. As pessoas falam que a coragem é a principal virtude de um político. Na minha cabeça, a prudência é a principal virtude do político. Prudência, tranquilidade, bom senso, equilíbrio para analisar as coisas… Olhando os direitos de todos os que estão na aliança. Observar o direito de todos os que estão na aliança: o PT, PSD, PP e o PSB. Então, a minha análise é sempre muito correta, como se tivesse fazendo um diagnóstico com muitos exames.

O senhor acha que ACM Neto chega forte para disputar o Governo do Estado em 2022, considerando o cenário atual?

Otto Alencar – Não sei também. Não posso adivinhar o futuro. Como vou saber? Não sei se ele vai chegar forte ou fraco. Isso tem que ser analisado na época. Quem mostra bem isso são as pesquisas feitas com isenção. No entanto, agora nesta eleição de 2020, os institutos de pesquisas saíram bem desacreditados, porque alguns foram contratados para forjar números incorretos. E isso descaracterizou os institutos de maneira geral.

O senhor, que é senador e médico, como está observando esse bate-cabeça entre o Governo Federal e as vacinas para a Covid-19?

Otto Alencar – Desde o início da pandemia que o presidente da República tem feito uma gestão na Saúde que deixa muito a desejar. Basta ver que ele, em dois anos, trocou três ministros da Saúde. Então, negou a doença e comparou com gripe e resfriado. Depois receitou hidroxicloroquina para o povo brasileiro, um remédio que não resolve a doença. Além de tantos erros cometidos no principal ministério, o presidente faz essa manifestação desacreditando uma vacina que está sendo usada em 40 países. Nós vamos receber a vacina por último. Não há maneira de evitar a doença se não for pela imunização. Então, acredito que o governo termina o ano devendo ao Brasil na saúde e na educação. Nesta última, o presidente trocou quatro ministros: um colombiano [Ricardo Vélez Rodríguez], um psicopata [Abraham Weintraub], o Decotelli que falsificou o currículo e depois entrou o Milton Ribeiro, que me parece ser mais equilibrado e adequado para o cargo.

A gente terminou o ano com o fim do auxílio emergencial e sem um projeto de renda mínima engatilhado. Acha que a crise econômica ocasionada pela pandemia pode piorar em 2021?

Otto Alencar – Sem dúvida alguma. Acho que sem um projeto e renda mínima, vamos ter uma situação social agravada com a fome, com a desnutrição, como já está acontecendo. É preciso entender que o Brasil precisa de mais tempo com renda mínima para não aprofundarmos as desigualdades sociais e colocarmos mais brasileiros abaixo da linha da pobreza.

Voltando à questão da vacina, acredita que ela ainda vai demorar para chegar nas pessoas de grupo de risco?

Otto Alencar – Lamento muito que o presidente da República não tenha tomado as providências para colocar a vacina ainda no ano passado, no Brasil. Só que o presidente optou por essa queda de braço contra o governador do Estado de São Paulo, João Dória –  que tomou a iniciativa de fazer essa cooperação entre o Instituto Butantan e o laboratório Sinovac e acredito que fez de maneira correta. Não creio que ele tenha se utilizado do Butantan para fazer política. O presidente criou essa guerra contra o governador de São Paulo, inclusive desclassificando a vacina sem ter conhecimento científico. Digo a você, pelo que eu sei e conheço do Instituto Buntantan, que já visitei as instalações, tomaria hoje a vacina Coronavac. Confio no Butantan. Não estou misturando uma coisa com a outra e fazendo política com isso.

Como viu a Operação Faroeste, que teve como um dos alvos o secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa? Acha que pode atingir o Governo de alguma forma?

Otto Alencar – O governador não tinha conhecimento do que se passava na Secretaria de Segurança Pública. A investigação aconteceu por parte da Polícia Federal. Se ele tivesse conhecimento, já teria tomado providência. Quando tomou conhecimento, exonerou toda a cúpula da Segurança Pública. Me surpreendeu muito. Nunca esperei que isso pudesse acontecer na cúpula da Secretaria de Segurança Pública. É lamentável que tenha acontecido. Um gestor, um secretário, tem que se resguardar muito nas suas relações fora da instituição. Tem que procurar se manter muito distante de relações empresariais, sociais, até para, mesmo não tendo cometido ilícito, não dar a impressão que cometeu. Então, isso vai ser investigado, os acusados terão direito de defesa e vamos aguardar a conclusão dos fatos.

Qual avaliação do cenário nacional o senhor faz hoje?

Otto Alencar – O que me preocupa hoje no governo brasileiro é a falta de uma política estratégia, de metas e planejamento para resolver problemas. O problema mais grave do Brasil hoje é o controle da doença e, em segundo lugar, o desenvolvimento econômico para diminuir o desemprego, que está em 14 milhões de pessoas que perderam a carteira assinada. O estímulo à indústria, a renovação do parque industrial, o estímulo à pequena empresa… O governo tem dois anos e não tem metas e planejamentos. Isso me preocupa bastante. Todos os governos que passaram pelo país estabeleceram metas e planejamentos. É como se fosse uma coisa incipiente, inicial, que ainda não mostrou a segurança que o Brasil precisa para se colocar como uma das maiores economias do mundo. O ministro Paulo Guedes tem feito um esforço muito grande, mas não tem feito o Brasil crescer. Quando ele diz que a culpa é da pandemia, eu discordo, porque em 2019 não tivemos pandemia e o Brasil só cresceu 0,4%. Em comparação ao último ano do governo Temer, o PIB encolheu. No último ano de governo Temer, o país cresceu 1,5%. Então, a política econômica está equivocada, porque foi feita muito mais uma política financista do que uma política desenvolvimentista. Sempre fui um crítico da política econômica do governo por isso. Resumindo: o país só avança quando os recursos circulam na mão de quem produz e de quem consome. Então, a política econômica do Guedes não fez isso. Lamento isso e vejo ainda com muito pessimismo a política econômica do presidente Jair Bolsonaro.

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