Moradores protestam após anúncio de fechamento da única agência bancária de cidade baiana

A cidade de Rio do Pires, no interior da Bahia, vive segundo o jornal Correio, um clima de indignação e mobilização popular após o anúncio do fechamento da única agência bancária do município. A unidade do Bradesco, que atendia a população local há anos, será encerrada ainda neste mês de junho, deixando os moradores sem acesso direto a serviços bancários básicos.

O anúncio causou forte reação da população, que organizou um protesto nesta semana em frente à agência. Munidos de cartazes e palavras de ordem, os manifestantes cobraram a permanência da unidade e denunciaram os impactos negativos da medida para o dia a dia da cidade, especialmente para idosos, comerciantes e produtores rurais.

Cidade desassistida

Com cerca de 11 mil habitantes, Rio do Pires agora se junta a outros pequenos municípios do interior baiano que perderam sua única agência bancária em razão de cortes de custos promovidos pelas instituições financeiras privadas. A alternativa mais próxima para os moradores será se deslocar até cidades vizinhas, como Caturama ou Paramirim, localizadas a mais de 40 quilômetros de distância.

“É um absurdo. Muitos idosos aqui não sabem usar internet banking e precisam do banco para receber aposentadoria ou fazer pagamentos. Nem todo mundo tem carro para ir a outra cidade”, afirmou a moradora Maria José da Silva, 63 anos.

Audiência pública e abaixo-assinado

Diante da situação, a Câmara Municipal promoveu uma audiência pública que reuniu vereadores, lideranças comunitárias, comerciantes, representantes do Sindicato dos Bancários e autoridades locais. Um abaixo-assinado com centenas de assinaturas foi entregue à direção regional do Bradesco, solicitando a manutenção da agência.

A prefeitura de Rio do Pires também se manifestou, afirmando que está em contato com o banco e outras instituições financeiras para tentar evitar que a cidade fique sem atendimento bancário. “Sabemos da importância dessa agência para nossa população. Estamos buscando alternativas junto ao setor privado e ao governo do estado”, disse o prefeito Gilson Nunes.

Impacto econômico

Comerciantes locais temem que o fechamento da agência gere um efeito cascata na economia da cidade, reduzindo o volume de circulação de dinheiro e dificultando transações cotidianas. “O movimento já caiu desde o anúncio. Muita gente deixa para sacar em outras cidades e acaba comprando lá mesmo. Isso esvazia o comércio local”, relatou o empresário Ronaldo Batista.

Tendência preocupante

Segundo o Sindicato dos Bancários da Bahia, mais de 30 agências bancárias foram fechadas no estado apenas no último ano, muitas delas em cidades onde o banco era o único em funcionamento. A entidade alerta para a exclusão financeira de milhares de pessoas, sobretudo as mais vulneráveis, e cobra soluções do poder público.

“A digitalização é uma realidade, mas ela não pode ser feita às custas da exclusão. Nem todo mundo tem acesso à internet ou sabe lidar com aplicativos. Fechar agências em cidades pequenas é empurrar parte da população para a marginalização bancária”, afirmou o dirigente sindical Elder Pérez.

MP-BA

O Ministério Público da Bahia foi acionado por moradores e por representantes da Câmara para avaliar a legalidade do fechamento. Além disso, o Procon estadual estuda medidas para garantir que a população continue tendo acesso a serviços financeiros mínimos.