Integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) enviaram recados a membros do governo Lula da Silva (PT) sobre a necessidade de entrar em campo de acordo com a colunista Bela Megale, do O Globo, para retirar votos de apoio à anistia. Mais de 100 deputados de partidos da base de Lula assinaram a urgência da proposta que tramita na Câmara e que visa livrar os envolvidos no 8 de janeiro de punições.
Como informou a coluna, a alta adesão de parlamentares da base ao projeto causou grande irritação no Palácio do Planalto. Deputados de partidos com cargos no governo federal assinaram a proposta para que a anistia tramite em regime de urgência, ou seja, sem passar pelo rito de comissões da Câmara.
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, chegou a dizer que acredita que alguns parlamentares não entenderam a amplitude da proposta. Como está posto hoje, o texto livraria também o ex-presidente Jair Bolsonaro, os militares e seus assessores que estão sendo julgados no STF pela tentativa de golpe de Estado.
Na avaliação de membros da Corte, o presidente da Câmara, Hugo Motta, ainda vai segurar a pressão de pautar a anistia por algum tempo, apesar da urgência da proposta já ter chegado às 257 assinaturas necessárias.
O entendimento dos magistrados é que a equipe de Lula e o próprio presidente, se for necessário, devem fazer um corpo a corpo junto a lideranças dos partidos que têm postos no primeiro, segundo e terceiro escalões da Esplanada para cobrar que retirem parte das assinaturas que deram à anistia.
Até o projeto ser protocolado na Câmara, os parlamentares podem retirar o apoio. Nos últimos dias, a lista com os nomes dos deputados que assinaram a urgência de votar a anistia deixou de ficar disponível no sistema do Congresso. O fato foi interpretado por governistas como um sinal de que os apoiamentos estão sendo retirados e que, por isso, o PL, partido de Bolsonaro, não deixou mais a lista acessível.
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, que tem capitaneado a coleta das assinaturas, afirmou, porém, que a Casa corrigiu um erro, ao não permitir que os deputados vejam quem apoiou a anistia.
— A Secretaria-Geral da Mesa jamais deveria ter dado acesso à lista de assinaturas, porque o governo passou a contatar os deputados e pressioná-los. Mas, até o momento, não perdemos nenhum apoio, só ganhamos. Já estamos com mais de 265 assinaturas — afirmou o líder do PL à coluna.