Durante uma aula magna realizada em São Luís na noite da última sexta-feira (9), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, provocou um abalo político no Maranhão ao sugerir publicamente o nome do vice-governador Felipe Camarão como pré-candidato ao governo estadual em 2026. Dino também mencionou a professora Teresa Helena Barros como possível vice na chapa, o que intensificou a repercussão do episódio.
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Apesar de feita em tom de descontração, a declaração foi recebida com forte incômodo por aliados do atual governador, Carlos Brandão (PSB), rompido politicamente com Dino desde o fim de 2024. A fala foi interpretada como uma tentativa de interferência direta na sucessão estadual, antecipando um debate interno que ainda não havia sido oficialmente aberto.
Reação do governador
Em resposta, Brandão se manifestou publicamente com um tom crítico, destacando a necessidade de foco na gestão e rechaçando movimentações eleitorais prematuras.
“Esse não é momento de disputa política. É momento de governar, de cuidar do nosso povo e de transformar o Maranhão. E é isso que a nossa gestão tem feito: transformar vidas no social e no econômico. Nosso foco é trabalho. Nosso compromisso é com o povo. Aqui se arregaça as mangas e se entrega resultado. Disputa política não é o nosso caminho, transformar vidas é”, afirmou o governador.
A fala de Dino reabriu o debate sobre a sucessão estadual e tornou ainda mais evidente o racha entre antigos aliados. A crise entre os dois teve início após Dino assumir cargos no governo federal e se intensificou com desentendimentos sobre a condução política do grupo no estado.
Questionamentos sobre imparcialidade
A postura do ministro do STF também gerou críticas por parte de analistas e opositores, que voltaram a questionar os limites entre o papel institucional de um magistrado da mais alta corte do país e seu histórico de militância política. Embora tenha deixado oficialmente a vida partidária ao assumir o STF, Flávio Dino tem mantido declarações públicas com forte teor político, o que levanta dúvidas sobre sua imparcialidade — um princípio central à atuação no Judiciário.
O episódio deve acirrar os ânimos dentro da base governista maranhense e reacender discussões sobre o papel dos ministros do Supremo em temas políticos, especialmente em contextos regionais.