quinta-feira 17 de julho de 2025
José Múcio, Ministro da Defesa. — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
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sexta-feira 4 de julho de 2025 às 09:18h

Ministro da Defesa critica cortes das Forças Armadas e pode deixar governo Lula

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O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, voltou a alertar publicamente sobre a situação crítica das Forças Armadas brasileiras diante de sucessivos cortes orçamentários. Em tom de desabafo, Múcio afirmou nesta quinta-feira (3), durante evento no Rio de Janeiro, que o sucateamento da frota e o atraso na conclusão de projetos estratégicos colocam em risco a capacidade operacional do Exército, Marinha e Aeronáutica. Fontes do governo confirmam que o ministro, reconhecido por sua integridade e longa trajetória na política nacional, cogita deixar o cargo caso o presidente Lula da Silva (PT) mantenha os cortes previstos no orçamento da pasta.

Durante o Curso de Cobertura Jornalística em Áreas de Combate, realizado para jornalistas especializados em segurança e defesa, Múcio foi enfático:

“Daqui a pouco vai ter marinheiro sem navio, aviador sem avião e soldado do Exército sem equipamento para lutar.”

Segundo ele, os cortes fragilizam não apenas o presente das Forças, mas também o futuro de projetos estratégicos. “Aviões e submarinos nacionais estão com a conclusão atrasada há 15 anos”, lamentou. Ele também destacou problemas básicos, como falta de manutenção e de combustível: “Não estamos cuidando da nossa manutenção”.

O ministro criticou a politização do debate sobre investimentos na área militar. “Investimento em defesa não deveria ser uma questão ideológica. O brasileiro ainda pensa que as Forças existem só para a guerra. Elas são parte da estrutura soberana do Estado”, afirmou.

A declaração ocorre em um momento delicado para a Defesa. No próximo dia 14 de julho, o governo federal deve efetivar o congelamento de R$ 2,6 bilhões do orçamento militar, decisão que causou forte reação nos bastidores da caserna. A Força Aérea Brasileira (FAB), por exemplo, já informou que cerca de 40 aviões ficarão em solo até o fim do ano e 137 pilotos serão afastados de suas funções. Além disso, haverá adoção de expediente reduzido e até home office para militares, um cenário inédito.

Múcio já levou ao Senado uma proposta de médio e longo prazo, apelidada de PEC da Previsibilidade, que propõe o investimento mínimo de 2% da receita corrente líquida nacional em Defesa, com aumento gradual de 0,1% ao ano. O texto visa dar estabilidade ao financiamento das Forças, independentemente de mudanças políticas.

“Vivemos num mundo terrivelmente preocupante. O mundo inteiro está se armando”, argumentou o ministro, ecoando a fala do comandante do Exército, general Tomás Paiva, que em abril defendeu mais atenção do Brasil à segurança nacional.

José Múcio, que construiu sua carreira com reputação de moderação e diálogo, tem sido uma ponte entre os militares e o Palácio do Planalto desde o início do governo Lula. Contudo, pessoas próximas ao ministro afirmam que ele está “extremamente frustrado” com a falta de sensibilidade do governo sobre o tema e avalia seriamente sua permanência no cargo.

A saída de Múcio representaria um abalo na já delicada relação entre o Executivo e as Forças Armadas, num momento em que o Planalto busca reconstruir a confiança com o setor após as tensões do governo anterior e os episódios do 8 de janeiro.

Enquanto o impasse persiste, cresce a pressão dentro e fora da Esplanada para que o governo reavalie os cortes, sob pena de comprometer não apenas a segurança nacional, mas também a estabilidade política e institucional, principalmente a reeleição do presidente Lula.

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