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terça-feira 3 de setembro de 2024 às 08:09h

Marçal diz que Lula não perde com a máquina na mão em 2026 e que não quer briga com STF

ELEIÇÕES 2026, NOTÍCIAS


O candidato à Prefeitura de São Paulo do PRTB, Pablo Marçal, declarou que “é difícil qualquer pessoa hoje no Brasil vencer o presidente Lula da Silva (PT) em 2026. “Ele venceu o Bolsonaro que estava com a máquina na mão”, afirmou, em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda, 2. “Dificilmente se você (Lula) estiver bem emocionalmente, dificilmente alguém ganha do senhor”, reforçou o candidato.

Marçal também afirmou não ter medo de enfrentar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. “Qualquer exagero que tiver da parte dele, que ele responda por tudo. Agora, o Brasil inteiro está sentindo o que eu estou sentindo (sobre a suspensão do X no Brasil)”.

O ex-coach avaliou que o STF está muito “político”. Em mensagem para os ministros da Corte, ele afirma que o País precisa ser reunificado e que não precisa da politização a que o Tribunal está sujeito hoje. Contudo, evitou críticas mais duras ao Supremo. “Já estou arrumando problema com governador do Estado, prefeito de São Paulo, presidente da República. Vou arrumar problema com STF?”

Ele também confirmou que preza pelos cortes em entrevistas e debates. “Proposta quem quiser vai no site”, afirmou o empresário na sequência. Marçal disse que não vai esquecer de fazer os cortes, recurso que ele chamou de “única coisa” que sabe fazer, nesses encontros.

Marçal chama de ‘censura’ a suspensão de suas redes sociais, e que faz ‘novo tipo de política’

Questionado sobre abuso de poder econômico em seus meios de comunicação, o candidato respondeu que não houve pagamento para realização de cortes nas suas redes sociais. Além disso, ele voltou a dizer que foi censurado pela Justiça. As mídias do candidato foram derrubadas atendendo a um pedido da campanha da candidata e deputada federal Tabata Amaral (PSB) no fim do mês passado. A decisão foi motivada por indícios de abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação na remuneração de usuários para produzir “cortes” e divulgá-los nas redes.

“Suspender o único meio de comunicação que uma pessoa tem, é um meio de censura”, disse o empresário. “É prévia porque não censuraram o conteúdo. Censuraram o meio de comunicação”. Ele lembra que os novos canais, criados após o bloqueio dos anteriores, já possuem mais seguidores que os perfis de seus adversários.

“Essa eleição de São Paulo vai abrir os olhos para um novo tipo de política. Não tenho padrinho político, não tenho tempo de TV, não tenho minhas redes sociais, e vou vencer mesmo sem nenhum desses atributos”, declarou, em tom mais moderado do que nas entrevistas anteriores. Anteriormente, o ex-coach disse que não será mais candidato a prefeito de São Paulo caso não seja eleito nestas eleições. “Minha agenda já está travada” para os próximos quatro anos, disse Marçal sobre o assunto.

O ex-coach foi perguntado sobre fingir ser algo que não é para conquistar votos. Sem responder diretamente à pergunta, Marçal disse que “não é coach” e que para votar em Lula mais de uma vez, a pessoa “só pode ser idiota”. “No processo eleitoral, me perdoe, você tem que ser um idiota […] infelizmente a nossa mentalidade gosta disso, e por ser um povo que gosta disso, eu preciso produzir isso”, disse o empresário em entrevista ao Flow na semana passada.

O candidato foi perguntado sobre a quantia que foi gasta com cortes nas redes sociais. Ele afirma que não tem o registro do valor gasto, mas que já liberou mais de R$ 35 milhões das empresas em seu nome em uma semana para a atividade. E reforçou que nunca realizou nenhum pagamento para seu campeonato de cortes durante a pré-campanha ou durante a campanha para a Prefeitura de São Paulo.

“Burocracia, ‘companheirada’, corrupção, ineficiência da Prefeitura de São Paulo tem comido o dinheiro público. No primeiro ano não teremos esse tanto de coisa que a gente imagina. Mas vamos enxugar a máquina e dar prioridade para aquilo que faz mais sentido”, completou o candidato do PRTB.

Marçal já afirmou que reuniões em um eventual governo seu serão transmitidas para a população como forma de manter a transparência do poder público. O ex-coach foi perguntado o motivo de não transmitir as reuniões em que pediu para Leonardo Avalanche, presidente do PRTB, deixar o partido. “Não sou dono do partido e nem gerente. Não posso fazer uma coisa que chama ingerência”. Avalanche é investigado por ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

“Geraldo Alckmin (PSB) teve a chance de acabar com o PCC e foi um bunda-mole. Ele deixou o PCC se proliferar nessa cidade. O PCC tomou posto de gasolina, tomou televisão, tomou partido”, comentou sobre o ex-governador de São Paulo e atual vice-presidente da República.

Ele reforçou a ideia de que, assim como nos Estados Unidos, qualquer pessoa que queira concorrer às eleições, poderia fazer sem estar filiado a um partido político. “Não vou defender partido político. Partido não precisa esperar ter cargo em governo meu.”

O empresário já foi preso temporariamente em 2005, quando tinha 18 anos, na investigação que apurou ações de criminosos condenados por desviar dinheiro de contas bancárias. Sobre isso, Marçal disse que “se fosse bandido, atrás de dinheiro fácil, eu ia atrás de emprego de callcenter para quê? Os outros candidatos falam: ‘você roubava velhinhas.’ Nem sei quem são essas pessoas.”

Indagado sobre a honestidade de usar um homônimo de Guilherme Boulos (PSOL) para acusar o candidato à Prefeitura de ser usuário de cocaína, Marçal respondeu: “Onde você viu eu usando esse processo? Como o Boulos está apavorado e não está com o toxicológico…”, disse, interrompendo a resposta logo em seguida para falar seu número de urna e a frase “faz o M”, marca de sua campanha. “Vou mostrar no último debate porque o brasileiro esquece em duas semanas”, afirmou.

Pontos do programa de governo de Marçal foram alvos de questionamentos durante entrevista

Também foi alvo de questionamentos o plano de governo de Marçal durante o Roda Viva. Seu planejamento não apresenta o orçamento que será destinado para determinadas propostas, como as que discorrem sobre o descarte de resíduos na cidade. “A gente vai transformar o lixo em riqueza. Então o dinheiro vem do próprio lixo”, declarou. “Revisando contratos da Prefeitura, teremos mais economia, vamos trazer emendas de deputados”, disse, tentando explicar as origens da receita para a execução de suas metas, caso eleito.

Marçal, em seu plano de governo, propõe criar 2 milhões de postos de trabalho na capital paulista. Na cidade de São Paulo, no entanto, são cerca de 500 mil desempregados. O influenciador disse que, porém, muitas das pessoas na cidade são beneficiárias de algum tipo de programa social, como o Bolsa Família, e que, por conta disso, “não prosperam.”

Sobre outra proposta, que fala sobre a construção de um prédio de 1 km de altura, o candidato diz que, com isso, pretende incentivar o turismo na cidade de São Paulo. “Toda obra representa um marco. O Brasil vai se tornar uma potência mundial até 2050, se vocês ouvirem o que eu estou falando. Gente que é visionária espanta a maioria das pessoas, que não entendem o que a gente fala.”

O candidato assumiu o compromisso de limpar os rios da capital paulista quando perguntado sobre as mudanças climáticas em curso e que já atingem a cidade. “Sou a pessoa mais interessada e a que mais está falando disso. Se você enfiar carro vai criar um efeito estufa, é óbvio. O que eu não gosto é ficar militando com clima”.

Empresário voltou a chamar Nunes de ‘bananinha’ e disse que prefeito “tem perfil de vereador”

Ele voltou a chamar o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), de ‘bananinha’ ao dizer que o emedebista não fez o que deveria ter feito em sua gestão. “O bananinha, pra quem não sabe, é o prefeito de São Paulo. Tem perfil de vereador, não tem presença, não tem estado de pujança”. Sobre o apoio de Jair Bolsonaro (PL) a Ricardo Nunes (MDB), disse que o ex-presidente “falou com a própria boca: ‘O Nunes não é o candidato dos sonhos’ e me elogiou logo em seguida”.

Perguntado se o candidato do PRTB tenta criar um personagem para se aproximar da periferia, o empresário nega e afirma que ‘veio da periferia’. Em seguida, Marçal recitou a letra da música Diário de um Detento, do grupo Racionais MC’s, e não deixou um dos jornalistas terminar sua pergunta.

Marçal diz que acredita na inocência de Cariani e que nunca pediu votos em altares de igrejas

Marçal lançou, em junho deste ano, um curso de autoajuda com o influenciador fitness Renato Cariani, réu em uma ação penal por tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro. O candidato do PRTB disse que conheceu o influencer em um podcast.

“A gente tem um problema no Brasil de acabar com a vida de uma pessoa porque ela está sendo processada. Cariani, obrigado por você transformar minha vida. Cariani, eu acredito na sua inocência. Se estiver errado, pague. Se não, que todo jornalista do Brasil dedique o mesmo tempo que eles gastaram te destruindo (para te apoiar).”

Questionado sobre um possível uso desrespeitoso da religião para se promover, como no episódio em que tentou ‘curar’ uma pessoa em cadeira de rodas, por exemplo, Marçal comentou que nunca pediu voto para ninguém em um altar de igreja. “Não nego oração para ninguém. Peço socorro de todos os cristãos dessa cidade de São Paulo: nós precisamos combater essa praga desse comunismo.”

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