Mais de 10 milhões de brasileiros vivem atualmente em cidades classificadas com nível socioeconômico baixo ou crítico, de acordo com dados recentes do Índice de Progresso Social Brasil (IPS Brasil), desenvolvido pela organização Social Progress Imperative em parceria com instituições brasileiras. O levantamento evidencia um cenário de desigualdade regional e vulnerabilidade social que ainda persiste em diversas partes do país.
Segundo o IPS Brasil, os municípios com indicadores mais preocupantes estão, majoritariamente, concentrados nas regiões Norte e Nordeste, onde fatores como acesso precário à educação, saneamento básico, saúde e segurança comprometem significativamente a qualidade de vida da população. Nessas áreas, o baixo desempenho econômico também se soma à fragilidade das políticas públicas, criando um ciclo persistente de exclusão social.
O índice avalia o progresso social de cidades brasileiras com base em três dimensões principais: necessidades humanas básicas (como água potável, habitação e segurança), fundamentos do bem-estar (educação básica, acesso à informação, saúde e qualidade ambiental) e oportunidades (direitos individuais, liberdade, inclusão e acesso ao ensino superior).
Em contraste, os municípios com melhor desempenho socioeconômico concentram-se principalmente nas regiões Sul e Sudeste, onde há maior disponibilidade de serviços públicos, infraestrutura desenvolvida e maior capacidade de arrecadação fiscal. A desigualdade territorial revelada pelo estudo reforça a urgência de políticas públicas específicas e eficazes voltadas para o desenvolvimento regional e a redução das disparidades.
Especialistas apontam que investimentos direcionados à educação básica, infraestrutura sanitária e fortalecimento das redes de saúde e assistência social são essenciais para reverter esse cenário. Além disso, o fortalecimento da gestão pública local e o apoio técnico e financeiro aos municípios mais vulneráveis são vistos como pilares fundamentais para promover mudanças estruturais e sustentáveis.
A realidade de mais de 10 milhões de brasileiros que vivem em condições críticas de desenvolvimento social é um alerta para os formuladores de políticas públicas e para a sociedade como um todo: o progresso nacional passa, necessariamente, pela inclusão das regiões historicamente negligenciadas.