Em um evento marcado por simbolismo político e demonstrações públicas de unidade, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), assumiu neste domingo (1º) a presidência nacional do PSB. A cerimônia, realizada em Brasília, contou com a presença do presidente Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e de lideranças do Congresso Nacional.
Aos 31 anos, João Campos passa a comandar a sigla que tem papel estratégico no governo federal, com a vice-presidência da República e dois ministérios. Ele dá continuidade à tradição política de sua família: o PSB já foi presidido por seu pai, Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo em 2014, e por seu bisavô, o ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes.
Durante o evento, a militância socialista também reagiu à presença do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), com gritos de “sem anistia” — em referência à oposição ao perdão de envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Em seu discurso, Motta elogiou os quadros do PSB e agradeceu à bancada socialista pela parceria na Casa Legislativa.
Geraldo Alckmin, um dos protagonistas da aliança que deu a Lula a vitória em 2022, agradeceu a presença do presidente e destacou a relevância do apoio mútuo entre os partidos na defesa da democracia. “É raro ver um presidente da República participar de um congresso partidário que não é o seu. Lula tem sido um verdadeiro companheiro de trincheira”, afirmou.
João Campos, reeleito prefeito de Recife com 78% dos votos, é hoje uma das principais lideranças emergentes da esquerda brasileira. Ele lidera as pesquisas para o governo de Pernambuco e tem pela frente o desafio de ampliar a bancada do PSB na Câmara dos atuais 14 para, no mínimo, 25 deputados, além de recuperar o comando do governo estadual.
Em seu discurso, o novo presidente do PSB defendeu a manutenção da aliança com o PT para as eleições de 2026, com a manutenção de Alckmin como vice na chapa presidencial. Ele também defendeu a ampliação do arco de alianças do partido, sem abrir mão da parceria histórica com o petismo.
“Temos que compreender que partido existe para vencer eleições. É preciso construir um PSB forte, que ganhe o debate nas ruas e nas urnas”, declarou João. “A aliança entre Lula e Alckmin foi decisiva para a democracia e será igualmente importante para os próximos anos.”
João Campos ainda sinalizou interesse na formação de uma federação partidária com o Cidadania, sigla que recentemente rompeu com o PSDB e busca uma nova composição. A medida faz parte da estratégia para ampliar a influência do PSB no Congresso e nos governos estaduais.
Com a posse de João, a legenda retorna ao comando da família Campos-Arraes, que liderou o partido em três dos cinco mandatos desde a redemocratização. A expectativa entre dirigentes e aliados é que sua juventude e capital político renovem a imagem do PSB e consolidem seu papel como um dos principais partidos do campo progressista brasileiro.