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Rogério Marinho: 'Não temos tamanho para uma obstrução eficiente' — Foto: Brenno Carvalho
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terça-feira 15 de abril de 2025 às 07:13h

Líder da oposição no Senado afirma que maioria da população é conservadora

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Líder da oposição, o senador Rogério Marinho (PL) defende em entrevista a Gabriel Sabóia, do O Globo, que seu partido adote a “transigência”, em vez da pressão, para garantir votação no Congresso do projeto que anistia envolvidos com os ataques de 8 de janeiro. O parlamentar também tenta dissipar a cobrança para que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) defina com antecedência um sucessor para as eleições de 2026.

Veja abaixo os principais trechos da entrevista.

A antecipação de viagens de Jair Bolsonaro pelo país, antes de ser internado, decorre do julgamento sobre a tentativa de golpe no STF e o receio de prisão?

Não exatamente. O Rota 22 (nome dado ao périplo do ex-presidente) será feito em todos os anos que antecedem as eleições. Queremos mostrar quem somos, defender o conservadorismo. Precisamos chegar aos estados para a massificação das nossas ideias. Sobre Bolsonaro, acho que ninguém mata um sentimento e uma ideia. A maioria da população é conservadora. A decisão política de 2026 passará por ele, seja ele o candidato ou não.

A intenção é aproveitar a impopularidade de Lula e abordar temas econômicos?

Hoje a população brasileira se vê machucada pela falência econômica do Brasil. Sim, temos a queda do poder de compra da população mais pobre. É claro que isso precisa ser trabalhado. Lula está há mais de dois anos no poder, mas tudo o que acontece é culpa dos outros.

O deputado Elmar Nascimento (União-BA) diz que o projeto do Centrão depende de uma decisão de Bolsonaro para 2026. Ciro Nogueira (PP) quer a definição de um candidato até dezembro. Como vê a insistência de Bolsonaro em ficar no páreo mesmo inelegível?

A narrativa do Judiciário está impregnando as pessoas. Isso é deplorável. Para que velocidade nesse processo? O deadline (prazo limite) é agosto de 2026, época do registro eleitoral. Bolsonaro está vivo, representa a direita e é necessário aguardar o desdobramento do processo. Defendo o nome dele até que ele decida o que quer fazer, até serem esgotadas as possibilidades. A esquerda é árida, não existem outras lideranças, exceto o Lula. Na direita, surgem outros nomes. Mas, quem dirá qual é o nome será Bolsonaro.

O restabelecimento do diálogo de Bolsonaro com governadores da direita e dirigentes de partidos têm como objetivo construir alternativas?

A fotografia dos sete governadores ao lado de Bolsonaro (em manifestação pró-anistia na Avenida Paulista) é emblemática. Temos um grupo de líderes relevantes que entendem que há necessidade de convergência em cima de um projeto de país. Se Bolsonaro não puder representar este projeto, tentaremos construir um em torno de um desses nomes com a liderança de Bolsonaro.

O PL não conseguiu o resultado que esperava com as obstruções na Câmara pela anistia. O caminho é a negociação?

Sim. Nós não temos tamanho no Congresso para uma obstrução eficiente. Eu advogo pela transigência, pela política. (O presidente da Câmara) Hugo Motta já disse que a pauta vai andar quando tiver assinaturas suficientes. Mas, o instrumento da obstrução também é da política, faz parte do jogo. É necessário dar conforto ao Motta, mostrar que o texto pode tramitar.

Há divergências no PL por cargos e até mesmo em relação ao apoio ao governo Donald Trump, depois do tarifaço. A bancada está rachada entre nomes de Bolsonaro e outros alinhados a Valdemar Costa Neto?

Nosso tamanho enseja uma pluralidade. Temos quase cem deputados, vindos de segmentos diferentes. Não dá para pensar em consenso a todo instante. Entre Valdemar e Bolsonaro existe uma união fraterna, não há motivos para esse racha. Existem, sim, temas transversais em que pode haver discordâncias.

Como o senhor, pessoalmente, vê as taxações do governo Trump?

As pessoas não entendem aonde Trump quer chegar. Ele deu ao Brasil um tratamento até confortável em relação aos outros países. Pode até haver uma oportunidade de atrair empresas e indústrias de países em que houve taxação maior. Mas, para isso, o governo precisa aproveitar e aprimorar as nossas licenças. Eu não acredito que isso será aproveitado pelo governo Lula.

Com a licença de Eduardo Bolsonaro do mandato e o fortalecimento do discurso bolsonarista de perseguição, o senhor vê risco na aproximação com o Centrão?

Vejo o movimento contrário: o centro se aproximando da direita. Quem vê o desastre do governo petista se aproxima da direita e, obviamente, o centro é bem-vindo.

Qual é a sua posição sobre a taxação progressiva de quem ganha acima de R$ 50 mil proposta pelo governo no novo IR?

É justo cobrar mais de quem ganha mais. Mas meu receio é aumentar o buraco fiscal e, ao taxar as pessoas que ganham mais de R$ 50 mil, fazer com que deixem o Brasil, mudem seus domicílios fiscais.

O ministro Ricardo Lewandowski pediu ajuda dos senadores da oposição para aprovar a PEC da Segurança Pública. O que acha do texto?

Concordo com ele que a pauta é suprapartidária. Mas, quanto ao projeto, vejo um cheque em branco para atuação a despeito dos governos estaduais. Quero ver quais são as medidas para o controle de fronteiras, as mudanças nas atuações dos juízes de custódia. Quero ver o direito dos cidadãos preservados, não o dos presos. Quero ver o ataque ao poder financeiro de organizações criminosas e a retomada dos territórios das milícias.

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