O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), classificou como de “letalidade potencial imensurável” a atuação do grupo conhecido como “Comando 4”, ao autorizar a prisão preventiva de cinco integrantes da organização criminosa investigada pela Polícia Federal (PF). O grupo é suspeito de envolvimento em espionagem, ameaças, e até mesmo assassinatos sob encomenda de autoridades públicas, incluindo ministros do STF, parlamentares e servidores do Judiciário.
A afirmação consta da decisão judicial que fundamentou a Operação Sisamnes, deflagrada nesta quarta-feira (28) pela PF, e que revelou um esquema alarmante de venda de sentenças judiciais, monitoramento ilegal e violência política premeditada. A organização criminosa teria até mesmo uma “tabela de preços” para executar ou espionar alvos, com valores que chegavam a R$ 250 mil para matar um ministro do Supremo.
Segundo o ministro Zanin, o grupo demonstrava um “nível de organização elevado, com divisão clara de tarefas entre os membros, acesso a armamentos e capacidade logística para executar ações de extrema gravidade”, o que representa, nas palavras dele, um “risco concreto ao Estado de Direito e à integridade das instituições democráticas”.
Alvos de alta relevância institucional
Entre os investigados está o coronel reformado do Exército Etevaldo Cacadini de Vargas, apontado como um dos líderes do Comando 4. Em sua residência, agentes da PF encontraram documentos, armas e a tabela com os valores para ações contra autoridades. O grupo, que se autodenomina “Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos”, também atuava com discursos radicais e motivação ideológica, segundo as investigações.
Além de Vargas, foram presos o auxiliar de obras Antônio Gomes da Silva, suspeito de envolvimento em um atentado contra o advogado Roberto Zampieri, e outros dois integrantes com histórico de atuação paramilitar: Hedilerson Barbosa, instrutor de tiro, e Gilberto Louzada da Silva.
Prisões e investigação em curso
A operação contou com cinco mandados de prisão preventiva, quatro ordens de monitoramento eletrônico e seis mandados de busca e apreensão nos estados de Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo. A investigação teve início após denúncias relacionadas à venda de decisões judiciais em tribunais superiores, e ganhou novos contornos com a descoberta do braço armado e clandestino da organização.
O caso segue em segredo de Justiça, mas fontes ligadas à investigação indicam que outros nomes de relevância política e institucional estariam sendo monitorados, e novos desdobramentos devem ocorrer nos próximos dias.