#Acesse Política | O site de política mais acessado da Bahia! O site de política mais acessado da Bahia!
Durante sua participação no fórum da Esfera, realizado neste sábado (7) no Guarujá, litoral paulista, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, voltou a defender o modelo de voto distrital misto como proposta central para a reforma política no Brasil. Segundo o ex-prefeito de São Paulo, o sistema é o caminho mais eficaz para “qualificar” o Poder Legislativo e torná-lo mais representativo e técnico.
Kassab argumentou que, com a adoção do modelo, metade dos parlamentares seria eleita diretamente pelos distritos — recortes geográficos que aproximam o eleitor do candidato — e a outra metade por meio de listas partidárias predefinidas. Essas listas, segundo ele, permitiriam aos partidos incluir especialistas e lideranças com formação técnica, fortalecendo o debate no Congresso Nacional e nas assembleias estaduais e câmaras municipais.
“Enquanto não tivermos voto distrital misto, não vamos conseguir qualificar nossos parlamentos. Nosso Congresso e parlamentos são pobres. Isso só vai mudar com o voto distrital misto”, afirmou Kassab, durante painel com empresários e políticos.
Entenda o que é o voto distrital misto
Inspirado no modelo adotado em países como Alemanha e Japão, o voto distrital misto combina dois sistemas eleitorais: o voto majoritário distrital, no qual o eleitor escolhe um candidato que representa sua região específica, e o voto proporcional em lista fechada, no qual o eleitor vota no partido, que por sua vez já apresenta uma lista com os nomes que ocuparão os cargos conforme a quantidade de votos recebidos.
A proposta é vista por seus defensores como uma forma de combater o personalismo, reduzir os custos de campanha e tornar o sistema mais transparente e representativo.
Reforma política no radar
A fala de Kassab reacende o debate sobre a reforma política — pauta recorrente, mas historicamente travada no Congresso. Embora haja consenso entre especialistas sobre a necessidade de mudanças no sistema eleitoral brasileiro, falta convergência sobre qual modelo adotar.
O presidente do PSD tem articulado nos bastidores para que o voto distrital misto seja levado à votação no Congresso até o fim de 2025, com possível implementação a partir das eleições gerais de 2030. O tema, no entanto, enfrenta resistência de partidos menores e de parlamentares que temem perder espaço sob novas regras.
Especialistas reagem
Para a cientista política Maria Clara Gonçalves, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o sistema distrital misto tem potencial de equilibrar a representatividade geográfica com a qualificação técnica do Legislativo, mas depende de uma regulamentação clara.
“Não é o modelo em si que garante bons resultados, mas a forma como ele é implementado. A lista partidária precisa ter critérios transparentes e democráticos, ou pode virar um instrumento de favorecimento político”, alerta a pesquisadora.
Próximos passos
Com o cenário eleitoral de 2026 se aproximando, a possibilidade de uma mudança imediata no sistema ainda é considerada improvável. No entanto, a defesa feita por Kassab, figura influente no centrão, pode reacender o debate sobre o tema no segundo semestre, especialmente se outras lideranças partidárias se engajarem na proposta.
