Em um movimento considerado histórico e altamente provocativo, o Irã anunciou neste domingo (22) o fechamento do Estreito de Ormuz, uma das rotas marítimas mais estratégicas do planeta. A medida foi tomada em resposta direta aos ataques aéreos conduzidos pelos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas no último fim de semana. O bloqueio da passagem, por onde transita cerca de 30% de todo o petróleo transportado por mar no mundo, gerou forte reação imediata nos mercados internacionais e acendeu alertas em várias capitais ocidentais.
Localizado entre o Golfo Pérsico e o Golfo de Omã, o Estreito de Ormuz é essencial para as exportações de petróleo de países como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Iraque e do próprio Irã. Com menos de 40 quilômetros de largura em seu ponto mais estreito, é também um gargalo geopolítico: qualquer interrupção em sua navegação tem impacto direto sobre a oferta global de petróleo e os preços internacionais da energia.
Reação imediata nos mercados
Minutos após o anúncio iraniano, o barril do petróleo tipo Brent — referência global — disparou quase 12%, ultrapassando os US$ 100, pela primeira vez desde 2022. Bolsas de valores também reagiram negativamente, com quedas acentuadas nos principais índices de Nova York, Londres, Frankfurt e Tóquio. Analistas temem que a crise provoque uma escalada inflacionária global, especialmente em países fortemente dependentes de importação de combustíveis fósseis.
O secretário de Energia dos EUA, Sam Reynolds, afirmou que “todas as opções estão sobre a mesa” e que Washington considera o fechamento de Ormuz uma “ameaça direta à segurança energética mundial”. Em nota, a Casa Branca exigiu a reabertura imediata da passagem, ao mesmo tempo em que desloca navios da Marinha para a região.
Reação internacional
A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu “moderação urgente” e convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança para tratar da escalada no Oriente Médio. A União Europeia também criticou o fechamento do estreito, afirmando que o bloqueio de rotas internacionais “é inaceitável e pode ser considerado um ato hostil”.
A China, maior importadora de petróleo iraniano, disse estar “seriamente preocupada” com a escalada e pediu a reabertura da rota para garantir a “estabilidade do comércio global de energia”. Já a Rússia expressou apoio ao Irã, afirmando que os recentes ataques dos EUA são a raiz da crise atual.
O que está em jogo
O fechamento do Estreito de Ormuz eleva drasticamente o risco de um conflito militar direto entre Irã e os Estados Unidos, com potencial de envolver aliados como Israel, Arábia Saudita e países da OTAN. Além do impacto militar, a crise coloca em risco o abastecimento energético global, podendo pressionar economias já fragilizadas por inflação e desaceleração econômica.
Especialistas alertam que, se o bloqueio se prolongar, os efeitos serão sentidos em escala global: combustíveis mais caros, custos logísticos elevados, e pressão sobre cadeias de suprimento. O Brasil, por exemplo, pode enfrentar aumento no preço dos combustíveis e maior volatilidade no câmbio.
Consequências
Fontes da inteligência americana indicam que o Pentágono já tem planos prontos para garantir a reabertura do estreito por meio de operações militares, caso as negociações diplomáticas fracassem. Navios de guerra dos EUA e do Reino Unido já foram reposicionados próximos ao Golfo, e drones de vigilância monitoram constantemente a movimentação naval iraniana.
Enquanto isso, o governo iraniano mantém o tom de confronto. Em discurso na televisão estatal, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, declarou que “qualquer navio inimigo que tentar cruzar Ormuz será tratado como ameaça militar”.
A crise no Estreito de Ormuz representa o maior teste geopolítico da década até agora. O mundo aguarda, apreensivo, por uma solução diplomática que impeça o avanço rumo a uma guerra de proporções imprevisíveis — tanto no campo militar quanto no econômico.