A semana começa com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) novamente no centro das atenções no Congresso Nacional. Parlamentares articulam duas frentes distintas que prometem movimentar os bastidores em Brasília: a tramitação de um projeto de lei na Câmara dos Deputados que pretende reformular procedimentos internos do INSS e a crescente pressão, por parte de membros da oposição, pela instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar supostas irregularidades no órgão.
Projeto quer modernizar e agilizar serviços
O projeto de lei, de autoria do deputado federal Marcelo Medeiros (PSD-SP), propõe uma série de medidas voltadas à modernização dos processos do INSS, com foco especial na digitalização de serviços e na redução do tempo de espera para concessão de benefícios. Segundo o parlamentar, o objetivo é combater a atual morosidade do sistema, que vem sendo alvo de críticas de beneficiários e especialistas.
“A fila do INSS é um drama real para milhares de brasileiros. Precisamos de soluções estruturais e permanentes”, afirmou Medeiros em entrevista coletiva nesta segunda-feira. Entre os principais pontos do projeto estão a ampliação do uso da inteligência artificial para análise de requerimentos e a criação de uma força-tarefa permanente para atendimento de demandas reprimidas.
Oposição pressiona por CPMI para apurar irregularidades
Paralelamente, partidos da oposição intensificam os esforços para instalar uma CPMI com o objetivo de apurar denúncias de fraudes e má gestão no INSS. Os parlamentares alegam que há indícios de contratos superfaturados, além de suspeitas sobre o uso político de cargos estratégicos dentro da instituição.
A iniciativa é liderada pela deputada Ana Cláudia Lima (PL-RJ), que já conseguiu reunir 176 assinaturas na Câmara e 31 no Senado — número suficiente para formalizar o pedido de criação da comissão. “A sociedade brasileira merece respostas. Estamos falando de um órgão que administra bilhões em recursos públicos e que, ainda assim, mantém cidadãos à espera de aposentadorias por meses, até anos”, declarou a deputada.
Governo acompanha com cautela
No Planalto, a movimentação do Congresso é acompanhada com cautela. O Ministério da Previdência já manifestou apoio à modernização do INSS, mas vê com preocupação a politização das investigações. Fontes próximas ao ministro Carlos Lupi indicam que o governo não deve se opor formalmente à instalação da CPMI, mas trabalha nos bastidores para conter sua abrangência.
Expectativas para os próximos dias
A previsão é de que o projeto de lei comece a ser discutido na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) ainda nesta semana, com possibilidade de votação em junho. Já o pedido de CPMI deve ser protocolado oficialmente até sexta-feira, o que pode aumentar as tensões entre situação e oposição.
Enquanto isso, o brasileiro comum continua enfrentando as consequências práticas da lentidão do INSS — uma realidade que, ao que tudo indica, ainda levará tempo para mudar, mesmo com as movimentações no Congresso.