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quinta-feira 30 de setembro de 2021 às 16:07h

“Há grande possibilidade de Trump voltar ao poder”, por Guga Chacra

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Se me perguntarem hoje o que pode acontecer nos próximos três anos, diria que há uma enorme possibilidade de Donald Trump voltar a ser presidente dos EUA e de os republicanos dominarem a Câmara e o Senado. Acho também que a democracia americana não estará apenas em declínio, como na prática pode deixar de existir. O país não se tornará uma ditadura, mas corre sério risco de se transformar em algo próximo de uma autocracia como a Hungria de Orbán e a Turquia de Erdogan. Algumas instituições, como a imprensa e a Justiça, ainda funcionarão, mas serão incapazes de conter o regime trumpista.

Pode parecer absurdo esse cenário em um momento que Trump sumiu das mídias sociais e ficamos sabendo da sua existência apenas em comentários em lutas de boxe e livros sobre a sua administração. Mas este sentimento de que ele retornará tem crescido entre analistas. Em artigo na prestigiada revista The Atlantic, David Frum, que trabalhou na administração de George W. Bush, afirma que talvez Trump sequer precise roubar em 2024 para vencer, como tentou e fracassou no ano passado. No Financial Times, o principal articulista do jornal, Martin Wolf, fala da estranha morte da democracia americana, vendo também riscos de um retorno do ex-presidente ainda mais forte.

Robert Kagan, no Washington Post, é ainda mais enfático ao afirmar que os “EUA rumam para a sua mais grave crise constitucional desde a Guerra Civil, com uma chance razoável de incidentes de violência em massa, quebra da autoridade federal e divisão do país entre enclaves vermelhos (republicanos) e azuis (democrata)”. É certo, na visão dele, que Trump será o candidato republicano em 2024. Além disso, o ex-presidente, junto com o partido, usará todos os “meios necessários” para garantir a vitória. Isso inclui, obviamente, tentativas de golpe.

Sabemos, portanto, que será quase inevitável que Trump tentará voltar para a Casa Branca. Conforme escreveu Wolf, hoje o Partido Republicano não é mais definido por ideologia, e sim por lealdade a Trump. Seus principais políticos são covardes, como os senadores Marco Rubio e Ted Cruz. Não enfrentarão o ex-presidente em uma primária. O único nome mais conhecido com valores democráticos é Mitt Romney. Sua chance de derrotar o trumpismo nas prévias deve estar próxima de zero —e ele sequer cogita essa possibilidade.

Sabemos também que o Partido Republicano já começou a se organizar para reverter o resultado das urnas caso Trump venha a ser derrotado novamente. Dessa vez, como escreveram os autores acima, não será de forma amadora. Estarão preparados, ainda que não seja respeitando a democracia. Não podemos esquecer que o ex-presidente tentou ao máximo impedir a posse de Joe Biden. Falamos de uma figura não democrática, que sonha ser um autocrata, além de ser tratado como uma espécie de “messias” por seus seguidores.

Se não bastasse o Partido Republicano ter virado um movimento messiânico, extremista, os democratas estão enfraquecidos. Biden vê sua popularidade despencar. Pode ficar inviável como candidato em 2024, aos 82 anos. E a vice Kamala Harris? Sumiu. Não se tornou ainda a líder que muitos esperavam. Talvez cresça em três anos e seja a salvação dos democratas. Mas seria bom ter uma alternativa. Mayor Pete? Pode ser. Mas minha aposta hoje é de que Biden corre sério risco de ser apenas um hiato entre dois governos Trump. Somente freou a inevitável declínio da democracia americana.

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