Diante do aumento da desaprovação popular no Nordeste — região historicamente favorável ao Partido dos Trabalhadores — o governo do presidente Lula da Silva (PT) lançou uma nova campanha publicitária com foco emocional e cultural para reconectar-se com sua tradicional base eleitoral. A peça, divulgada nas redes sociais oficiais do governo federal, utiliza uma paródia da clássica música “Isso Aqui Tá Bom Demais”, de Dominguinhos e Nando Cordel, com versos exaltando a região: “O Nordeste é muito bom. O Nordeste é bom demais.”
Com tom lúdico e embalado por elementos típicos da cultura nordestina, o vídeo mescla cenas da vida cotidiana com imagens de obras e ações do governo na região. A letra adaptada faz menção direta a iniciativas como a transposição do Rio São Francisco, a construção de novas escolas e unidades do programa Minha Casa Minha Vida.
Um dos trechos da paródia sintetiza a mensagem central da campanha:
“Olha o governo federal, o que já fez e ainda faz. Olha o velho Chico, olha a água que chegou. Tem obra pra todo lado, escola chia e mais do tu. Agricultura é sustento, é alimento, é solução.”
A ofensiva de comunicação surge como resposta a dados recentes da pesquisa Quaest, que apontam uma desaprovação de 44% ao governo Lula no Nordeste — índice considerado preocupante pelo Planalto. A região foi crucial para as vitórias de Lula nas eleições de 2002, 2006 e, mais recentemente, em 2022, quando o petista venceu em todos os nove estados nordestinos com ampla margem sobre o então presidente Jair Bolsonaro (PL).
Nos bastidores, assessores presidenciais avaliam que o distanciamento entre discurso e entregas concretas contribuiu para a queda de apoio. O sentimento de frustração com promessas não cumpridas ou atrasadas, como investimentos em infraestrutura e programas sociais, teria aberto brechas para a oposição.
Com a nova campanha, o governo busca reforçar sua presença simbólica e administrativa no Nordeste, apostando em uma linguagem que une afeto, tradição e prestação de contas. O movimento é interpretado também como um ensaio para a corrida eleitoral de 2026, quando Lula deve tentar a reeleição e novamente contar com a força do eleitorado nordestino para garantir sua permanência no Palácio do Planalto.