O clima nos bastidores do Palácio do Planalto não é dos mais animadores. Segundo relato de um assessor direto do presidente Lula da Silva (PT), publicado nesta semana na coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo, o governo vive um momento de apatia e desalento diante das sucessivas derrotas que vem sofrendo no Congresso Nacional.
“Aqui há um clima de apatia com as derrotas recentes no Congresso. A sensação geral é de busca de rumo. Como se o governo estivesse procurando uma bala de prata para dar uma virada, mas está difícil!”, disse o assessor, que atua no núcleo político mais próximo ao presidente.
O desabafo escancara uma percepção que vem ganhando corpo dentro do próprio Executivo: a de que o governo Lula, em seu terceiro mandato, tem enfrentado dificuldades crescentes para articular sua base parlamentar e avançar com sua agenda no Legislativo. Nos últimos meses, o Planalto amargou reveses importantes em votações que envolviam temas sensíveis, como a manutenção de vetos presidenciais, a destinação de emendas e projetos com impacto fiscal e político.
A falta de coesão entre aliados e a atuação cada vez mais assertiva do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que comanda um Centrão fortalecido, contribuem para o impasse. Em meio a disputas por espaço e cargos, parlamentares reclamam de promessas não cumpridas e da lentidão do governo em atender pleitos regionais.
Fontes do Planalto também admitem que o ambiente é de desânimo. “Falta uma sinalização clara do que o governo pretende priorizar daqui para frente. Há muito ruído e pouca mobilização estratégica. A impressão é de que estamos sempre reagindo, e não agindo”, afirmou um auxiliar ministerial sob reserva.
A busca por uma “bala de prata”, como descreveu o assessor, seria uma tentativa de encontrar uma pauta ou movimento político que recoloque o governo no centro do debate nacional e recupere sua capacidade de liderança. No entanto, mesmo dentro da equipe presidencial, há dúvidas sobre qual caminho seguir e com que força política.
Enquanto isso, Lula tem intensificado viagens e agendas públicas, tentando manter seu protagonismo e reforçar vínculos com a população — especialmente no Nordeste, onde sua aprovação segue alta. Mas internamente, o desafio de reorganizar a articulação política e reconquistar a governabilidade no Congresso é visto como uma prioridade urgente.
A queda de entusiasmo, reconhecida por quem convive diariamente com o presidente, é um alerta importante sobre os riscos de paralisia política em um momento crucial para o país.