A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, criticou duramente neste fim de semana o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após ele publicar em suas redes sociais uma montagem ao lado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. A postagem ocorreu logo após o anúncio de que os EUA haviam realizado ataques a três instalações nucleares do Irã, intensificando o conflito com o país persa.
Para Gleisi, Bolsonaro demonstra “servilismo a interesses externos” e tenta mobilizar apoio estrangeiro no momento em que avança o julgamento de ações contra ele no Supremo Tribunal Federal (STF). “Quanto mais avança o julgamento de seus crimes no STF, mais ele apela a uma intervenção estrangeira no Brasil. Soberania, democracia e Justiça não existem em seu dicionário”, escreveu a ministra em suas redes sociais.
A montagem compartilhada por Bolsonaro exibe imagens suas com Trump e Netanyahu, acompanhadas da frase: “Dê-me 50% da Câmara e 50% do Senado que eu mudo o destino do Brasil”. Ele também compartilhou o discurso de Trump no qual o presidente americano afirmou que os ataques realizados no sábado foram “muito bem-sucedidos” e atingiram instalações em Natanz, Isfahã e Fordow — esta última considerada estratégica para o programa nuclear iraniano.
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também defendeu os ataques. Para ele, a paz só é alcançada com força. “Melhor modelo é o do secular império romano: si vis pacem, para bellum (se quer paz, prepare-se para a guerra)”, escreveu.
O posicionamento da família Bolsonaro contrasta fortemente com a posição oficial do governo brasileiro. Em nota, o Itamaraty condenou os ataques com “veemência”, argumentando que tanto Estados Unidos quanto Israel violaram a soberania do Irã e o direito internacional.
“Qualquer ataque armado a instalações nucleares representa flagrante transgressão da Carta das Nações Unidas e de normas da Agência Internacional de Energia Atômica”, declarou o Ministério das Relações Exteriores. “Ações armadas contra instalações nucleares representam uma grave ameaça à vida e à saúde de populações civis, ao expô-las ao risco de contaminação radioativa e a desastres ambientais de larga escala.”
A troca de declarações marca mais um capítulo da polarização política no Brasil, agora ampliada por uma crise internacional.