O processo de fusão entre o PSDB e o Podemos, que já caminhava para ser sacramentado, sofreu uma reviravolta e foi oficialmente encerrado após impasse em torno do controle da nova legenda. A decisão de encerrar as tratativas foi tomada após uma queda de braço entre as duas siglas sobre quem assumiria a presidência do partido unificado.
A direção do Podemos, liderada pela deputada Renata Abreu e pelo Pastor Everaldo, propôs assumir o comando do novo partido por um período de quatro anos. A proposta, no entanto, foi rejeitada pelos tucanos, que sugeriram uma alternância de poder com rodízio na presidência a cada seis meses inicialmente, e depois a cada ano — modelo considerado inaceitável pelos dirigentes do Podemos.
Na tentativa de chegar a um consenso, Renata Abreu e Pastor Everaldo se reuniram com o presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, e com o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), mas as negociações fracassaram. Com o impasse irreversível, ambas as legendas decidiram pôr fim às tratativas de unificação.
Atualmente, PSDB e Podemos têm tamanhos semelhantes no Congresso Nacional: o PSDB conta com 13 deputados federais e três senadores, enquanto o Podemos possui 15 deputados e quatro senadores. A fusão representaria a criação de uma força política de médio porte, capaz de disputar protagonismo no centro político brasileiro.
Nova estratégia: federação partidária
Diante do fracasso da fusão, o PSDB agora mira a formação de uma federação partidária como alternativa. Diferente da fusão, a federação permite maior autonomia interna às siglas envolvidas e pode ser desfeita após quatro anos, mantendo, no entanto, a obrigatoriedade de atuação conjunta em votações no Congresso e nas eleições.
O PSDB já compõe atualmente uma federação com o Cidadania, mas a aliança tem enfrentado dificuldades em razão de discordâncias nos diretórios estaduais. A previsão é de que essa federação seja encerrada no início de 2026, quando perderá sua validade.
Com isso, os tucanos voltam suas atenções para possíveis alianças com legendas como Republicanos, MDB, Solidariedade e até mesmo com o próprio Podemos — mas agora em uma estrutura mais flexível e menos centralizada do que uma fusão.
A reconfiguração do centro político brasileiro segue em curso, e os próximos meses devem ser decisivos para a articulação de alianças visando as eleições municipais de 2026 e a construção de novas alternativas de poder no cenário nacional.