Investigações da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) revelaram um esquema de R$ 6,3 bilhões em descontos não autorizados em benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A operação, chamada Sem Desconto, resultou na demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e no afastamento de outros quatro dirigentes.
As investigações apontam que o INSS foi omisso em relação a alertas de órgãos de controle sobre as fraudes. Apesar de o INSS afirmar ter adotado medidas para facilitar o cancelamento de descontos, a PF contradiz essa afirmação, mostrando que o órgão ignorou seis alertas da CGU entre maio e julho de 2024. A PF também identificou que a gestão anterior, durante o governo Bolsonaro, facilitou a implementação de descontos indevidos.
Entre 2019 e 2024, os descontos em benefícios do INSS aumentaram de forma desproporcional, com a criação de acordos de cooperação técnica que permitiram descontos diretos em folha. Esses acordos foram suspensos após a operação da PF. A CGU entrevistou uma amostra de aposentados e constatou que 97% não autorizaram os descontos.
As investigações também revelaram indícios de corrupção, com pagamentos feitos a empresas ligadas a ex-diretores do INSS. O empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “careca do INSS”, é apontado como central no esquema. Ele teria repassado valores a ex-servidores do INSS, levantando suspeitas de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito.
Após a operação, a PF apreendeu R$ 41 milhões em bens, incluindo 61 veículos e 141 joias. A Justiça Federal determinou o afastamento de dirigentes do INSS, enquanto o governo suspendeu todos os acordos que previam descontos em aposentadorias. A situação gerou um aumento significativo na fila de requerimentos de bloqueio de descontos, impactando a eficiência do INSS.