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O Fundo Monetário Internacional (FMI) emitiu um alerta contundente nesta semana ao governo dos Estados Unidos, pedindo medidas mais rigorosas de ajuste fiscal diante da trajetória crescente da dívida pública americana. Em relatório divulgado após consulta anual com autoridades do país, o órgão multilateral expressou preocupação com o ritmo de expansão dos gastos federais e os efeitos de médio e longo prazo sobre a economia global.
De acordo com o FMI, a dívida pública bruta dos EUA deve ultrapassar os 120% do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos anos, caso o governo não implemente políticas eficazes de consolidação fiscal. A instituição reconhece o papel central que os EUA exercem na economia mundial, mas alerta que a atual dinâmica fiscal representa um risco sistêmico.
“A dívida dos Estados Unidos segue uma trajetória insustentável. É fundamental um plano crível de médio prazo que promova a estabilidade fiscal sem comprometer o crescimento econômico e os investimentos sociais essenciais”, diz o relatório.
Pressão sobre política fiscal e juros
O documento ressalta que, apesar da resiliência da economia americana no pós-pandemia, o ambiente de juros elevados, adotado pelo Federal Reserve para controlar a inflação, tornou o serviço da dívida cada vez mais oneroso. Em 2024, os pagamentos de juros ultrapassaram os gastos com defesa pela primeira vez em décadas.
O FMI recomenda que Washington busque um equilíbrio entre aumento de receitas e contenção de despesas. Entre as medidas sugeridas estão a revisão de benefícios fiscais a grandes empresas e indivíduos de alta renda, além da racionalização de subsídios que já não produzem efeitos significativos sobre a produtividade ou o bem-estar social.
Implicações globais
Como maior economia do mundo e emissor da principal moeda de reserva global, os Estados Unidos exercem um papel de âncora nos mercados internacionais. Por isso, segundo o FMI, qualquer percepção de deterioração fiscal pode abalar a confiança nos títulos do Tesouro americano, provocar volatilidade nos mercados e afetar economias emergentes que dependem do dólar.
A instituição destaca ainda que a credibilidade fiscal dos EUA é um componente essencial da estabilidade financeira global e deve ser preservada, especialmente em um momento em que os países enfrentam desafios comuns como a transição energética, a inovação tecnológica e o envelhecimento populacional.
Resposta do governo americano
Em resposta ao relatório, autoridades do Departamento do Tesouro afirmaram que o governo está comprometido com a sustentabilidade fiscal e que pretende, nos próximos meses, apresentar propostas que reduzam o déficit sem comprometer os programas sociais e os investimentos em infraestrutura, ciência e educação.
Analistas veem a advertência do FMI como mais um sinal de que o próximo ciclo eleitoral nos EUA, marcado para novembro de 2026, terá um componente fiscal importante nas plataformas dos candidatos. O desafio será combinar responsabilidade orçamentária com demandas crescentes da sociedade e manter a confiança internacional no papel dos EUA como potência econômica estável.
