quinta-feira 22 de maio de 2025
O então Jair Bolsonaro em evento ao lado de Fernando Collor e Arthur Lira em Maceió (AL) em 2022 e Lula com Collor - Fotos: Alan Santos/PR/Arquivo Divulgação
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sábado 26 de abril de 2025 às 16:52h

Fernando Collor é de direita ou esquerda? Veja partido e posicionamentos do ex-presidente

NOTÍCIAS, POLÍTICA


“Em três meses, quero a direita indignada e a esquerda perplexa.” Alçado a deputado federal pela primeira vez em 1982 pelo Partido Democrático Social (PDS) – destino das principais lideranças que apoiavam o regime militar após o fim da ditadura – Fernando Collor de Mello chegou à Presidência da República, em 1989, como o candidato “nem, nem”: nem a esquerda de Luiz Inácio Lula da Silva e Leonel Brizola, nem a direita de Mário Covas e Paulo Maluf. Collor foi preso nesta sexta-feira, 25, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).

A trajetória do “caçador de Marajás” na política foi marcada pelo posicionamento ideológico fluido, ora alinhado aos interesses conservadores, com a implementação de políticas neoliberais na Presidência e redução da estrutura estatal, ora com acenos e alianças com a esquerda petista de Lula e Dilma Rousseff (PT) e admiração pela política educacional de Brizola.

O alinhamento governista do ex-presidente, impichado da Presidência em 1992 por denúncias de corrupção, foi a marca do Collor pós-Planalto: esteve ao lado de Lula, Dilma, Michel Temer e Jair Bolsonaro – apesar da lealdade política de ocasião.

Foi um dos apoiadores do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Em maio de 2016, ao votar pela destituição da petista, Collor reforçou seu descontentamento com a intervenção estatal e o “desleixo com a economia” do País.

“Constatamos que o maior crime de responsabilidade está na irresponsabilidade pelo desleixo com a política, pelo desleixo com a economia de um país, no aparelhamento do Estado que o torna inchado. Nas obstruções de ações da Justiça. É crime de responsabilidade a irresponsabilidade com o País. Não foi por falta de aviso. Falei dos erros da economia, da excessiva intervenção estatal, da falta de diálogo com o Parlamento. Nas minhas poucas oportunidades com a presidente, sugeri uma reconciliação com seu governo e com a classe política. Alertei sobre a possibilidade de impeachment”, afirmou.

Naquele ano, com um caminho do impeachment de Dilma pavimentado, Collor, liderando um grupo de dez senadores, apresentou ao então vice-presidente Michel Temer (MDB) uma proposta de “reconstrução nacional”, discurso que repetiu após a eleição de Jair Bolsonaro, em 2018, numa tentativa de ser eleito presidente do Senado, em 2019.

“Emergimos das eleições como um país, uma sociedade e uma classe política divididas para além das saudáveis divergências político-ideológicas; amizades de longa data desfeitas; desentendimentos em família que apartam irmãos, pais e filhos; incapacidade de ouvir, entender e considerar o ponto de vista do outro. Superado o período eleitoral, persiste um ambiente polarizado que alimenta divisões e aprofunda ressentimentos. Houve, sim, uma grave ruptura social e política muito pouco frequente na história brasileira; este cenário é preocupante”, afirmou Collor na tribuna do Senado ao lançar sua candidatura à presidência da Casa.

Nas eleições de 2022, Collor foi candidato ao governo de Alagoas, após 16 anos consecutivos no Senado, ficando em terceiro lugar, com 14,71% dos votos válidos. Em discurso de despedida da Casa, em dezembro daquele ano, o ex-presidente reforçou sua postura pragmática na política.

“Não temos tempo a perder, urge debater os problemas com pragmatismo e vontade política. Urge fazermos, de nossa parte, o dever de casa“, disse, acrescentando a necessidade de se ”restabelecer o diálogo”. “Devemos assumir o compromisso histórico de restabelecer o diálogo, buscar o consenso e reintegrar, no Brasil e no mundo, o conjunto de ideias que, verdadeiramente, alimentam o debate político eficaz.”

Um candidato de centro-esquerda

Em entrevista ao jornal El País, Collor caracterizou-se como um candidato de “centro-esquerda” na disputa pela Presidência, em 1989. De acordo com o ex-senador, ele foi eleito “com discurso liberal e consciência social”.

“O discurso dele (Lula) era de esquerda. O meu não era de direita, era até de centro-esquerda. Mas, para colocar no mínimo denominador comum, virou o ‘pessoal da esquerda’, que votou no Lula, e o ‘pessoal da direita’, que voltou no Collor. Eu dizia, depois da minha eleição, que eu ia deixar a direita indignada e a esquerda, perplexa. Porque eu sabia que em algum momento meu plano econômico iria fazer o que eles também estavam imaginando fazer. E a direita porque eu ia fazer a abertura comercial, fim das reservas de mercado, de privilégios. Eu chamava nossos carros de carroças, com só quatro montadoras na época”, disse.

Partido Renovação Democrática (PRD)

Filiado ao Partido Renovação Democrática (PRD), legenda criada em 2022 a partir da fusão do Patriota e do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Collor passou por Arena, PDS, PMDB, PRN, PRTB, PTB, PTC e PROS.

“O partido tem como base a democracia interna e a disciplina, e como objetivos programáticos a consolidação dos direitos individuais e coletivos; o exercício democrático participativo e representativo; a soberania nacional; a construção de uma ordem social justa e garantida pela igualdade de oportunidades; o respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana; o respeito ao pluralismo de ideias, culturas e etnias; e a realização do desenvolvimento de forma harmoniosa, com a prevalência do trabalho sobre o capital, buscando a distribuição equilibrada da riqueza nacional entre todas as regiões e classes sociais”, diz o estatuto do PRD.

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