A revelação de que o presidente do sindicato ligado ao irmão do presidente Lula da Silva (PT), Genival Inácio da Silva, conhecido como Vavá, possui uma mansão de luxo avaliada em milhões de reais está gerando forte repercussão e cobrando explicações dentro do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e do governo federal.
O imóvel, localizado em uma área nobre do estado de São Paulo, com piscina, jardim amplo, carros de alto padrão na garagem e estrutura de condomínio de luxo, pertence a um dos dirigentes de um sindicato que representa servidores e prestadores de serviços vinculados ao INSS. O sindicato em questão tem ligações históricas com o entorno de Vavá, irmão do presidente, falecido em 2019, e considerado figura influente nos bastidores petistas durante os anos de ascensão do partido.
A exposição da mansão reacendeu o debate sobre a chamada “Farra do INSS”, termo que vem sendo usado para descrever denúncias de aparelhamento, uso político de cargos, desvios e enriquecimento ilícito dentro do órgão responsável pela Previdência Social no Brasil.
Suspeitas de favorecimento
Segundo fontes ligadas à investigação, o dirigente sindical estaria envolvido em articulações para indicações políticas dentro do INSS, inclusive em setores estratégicos como perícia médica, gestão de benefícios e nomeações regionais. Há suspeitas de que o sindicato tenha sido beneficiado com repasses e contratos que ultrapassam os limites da legalidade.
A relação com figuras próximas a Lula levanta ainda mais suspeitas. Embora não haja, até o momento, qualquer comprovação de envolvimento direto do presidente da República, a proximidade política e familiar entre o líder sindical e o falecido irmão de Lula tem sido alvo de questionamentos por parlamentares da oposição e de representantes do funcionalismo público.
O escândalo estoura em meio à crise do INSS, que sofre com filas de espera de mais de 1,8 milhão de segurados, cortes de orçamento, greve de servidores e denúncias de má gestão. A imagem de dirigentes sindicais levando uma vida de ostentação enquanto milhões de brasileiros aguardam aposentadorias e benefícios previdenciários só aumenta a indignação popular.
Reações no Congresso
Parlamentares do PL, União Brasil e Novo prometem acionar o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público Federal (MPF) para investigar o caso. Também há movimentação para abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do INSS, que poderia apurar desde fraudes em benefícios até a relação promíscua entre sindicatos e a estrutura estatal da Previdência.
Governo Lula evita comentar
Até o momento, o governo Lula não se manifestou oficialmente sobre o caso. O Ministério da Previdência e a direção do INSS também não responderam aos pedidos de esclarecimento enviados por veículos da imprensa. Integrantes do Planalto, reservadamente, admitem preocupação com o desgaste da imagem do governo em um setor tão sensível quanto a Previdência Social.