A Braskem confirmou nesta última sexta-feira (23) que seu acionista controlador, a Novonor S.A. — antiga Odebrecht, atualmente em recuperação judicial — recebeu uma proposta não vinculante do empresário baiano Nelson Tanure para aquisição do controle da petroquímica. O anúncio movimentou o mercado financeiro, com as ações da companhia (BRKM5) fechando em alta de 9,15%, cotadas a R$ 11,09.
A oferta foi feita por meio do Petroquímica Verde Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia, veículo controlado por Tanure, e prevê a aquisição indireta da participação majoritária na Braskem por meio das ações da NSP Investimentos S.A., empresa que detém parte expressiva das ações com direito a voto na petroquímica.
Segundo comunicado da Novonor, a proposta está sujeita a condições usuais de transações dessa natureza, como o cumprimento de obrigações já firmadas com a Petrobras no âmbito do Acordo de Acionistas da Braskem, além da necessidade de negociações com os bancos credores que detêm garantias sobre as ações em questão — entre eles Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e BNDES.
Braskem fora das negociações diretas
A Braskem afirmou que não participa das tratativas diretamente, uma vez que a operação envolve ações pertencentes a terceiros. No entanto, a empresa informou que tem solicitado esclarecimentos aos acionistas envolvidos e acompanhará de perto os desdobramentos da negociação, com base na legislação societária e nos princípios de governança.
Atualmente, a Novonor detém 38,3% do capital total e 50,1% das ações com direito a voto da Braskem. A Petrobras, segunda maior acionista, possui 36,1% do capital e 47% das ações com direito a voto. O restante está dividido entre o mercado e ações em tesouraria. Caso a transação avance, estima-se que a participação da Novonor seja reduzida a algo entre 3% e 5%.
Quem é Nelson Tanure?
Nascido em Salvador em 1951, Nelson Sequeiros Tanure é um dos investidores mais discretos e arrojados do país. Construiu sua carreira adquirindo empresas em dificuldades financeiras e promovendo reestruturações. Seu histórico inclui investimentos na Gafisa, Oi, Light, e no setor de infraestrutura e petróleo. Tanure também esteve à frente de operações no setor de comunicação, como o Jornal do Brasil e a Gazeta Mercantil, e na área de telecomunicações, com a compra e venda da Intelig.

Apesar do perfil reservado, Tanure mantém vínculos com o meio cultural. Já foi vice-presidente da Orquestra Sinfônica Brasileira e é conhecido por seu apreço pela música clássica e ópera.
Expectativas do mercado
A possibilidade de uma mudança no controle da Braskem gera expectativa entre analistas e investidores. A entrada de um novo controlador com o histórico de reestruturações como o de Tanure pode abrir caminho para uma nova fase da companhia, que já enfrentou severas crises reputacionais e jurídicas, incluindo os impactos do desastre ambiental em Maceió (AL).
Ainda em estágio inicial, a proposta segue em análise pela Novonor e dependerá de aprovação dos credores e do cumprimento de cláusulas contratuais. Enquanto isso, o mercado acompanha de perto as movimentações, de olho no futuro da maior petroquímica da América Latina.