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quinta-feira 17 de fevereiro de 2022 às 17:27h

Em coletiva, Barroso ressalta desafios da Justiça Eleitoral para as Eleições de 2022

DESTAQUE, JUSTIÇA, NOTÍCIAS


Em conversa com jornalistas após fazer um balanço da gestão como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta quinta-feira (17), o ministro Luís Roberto Barroso destacou a importância da manutenção da democracia e das atribuições da Justiça Eleitoral na condução de eleições limpas, seguras e transparentes. Barroso tomou posse em maio de 2020 e transmitirá o cargo ao ministro Edson Fachin em sessão solene na próxima terça-feira (22), às 19h.

Uma das perguntas feitas ao ministro foi sobre a conduta da Justiça Eleitoral caso o aplicativo de mensagens Telegram insista em não designar um representante junto ao TSE para que possa colaborar com o programa de enfrentamento à desinformação nas Eleições de 2022.

Segundo Barroso, um dos caminhos é a aprovação do dispositivo, que já se encontra na Câmara dos Deputados e já foi aprovado no Senado, que exige representação legal no Brasil para que uma plataforma tecnológica possa funcionar no país. Conforme afirmou o ministro, se o projeto for aprovado basta o Poder Judiciário aplicar.

Se não houver uma lei específica, Barroso lembrou que o TSE ou o próprio Supremo Tribunal Federal (STF) poderá vir a analisar o assunto, caso ele chegue para julgamento em uma das cortes. O ministro lembrou que o Judiciário não atua mediante ofício e que a questão tem que vir a debate por meio de eventual demanda judicial.

“Nenhuma lei tem que ser contra ninguém. A norma tem que ser geral e abstrata e aplicada a todos em igual situação. Mas me parece totalmente fora do razoável você ter como ator relevante no processo eleitoral brasileiro uma plataforma totalmente à margem da lei”, disse.

Desafios futuros

Ao responder sobre os desafios sanitários das Eleições 2022 em relação à pandemia da Covid-19, Barroso revelou que, em conversas com especialistas em saúde, eles disseram esperar que o quadro melhore até março deste ano. “Eu tenho esperança de que, em outubro, a situação esteja totalmente sob controle. Agora, se não estiver controlada [chegando próximo às eleições], acredito que a Justiça Eleitoral vai coordenar todas as medidas sanitárias necessárias”, pontuou Barroso.

Combate à desinformação

Indagado sobre a renovação dos acordos renovados esta semana pelo Tribunal com as principais plataformas digitais do país (Google e Youtube, Twitter, WhatsApp, Kwai, Facebook e Instagram e TikTok), o presidente do TSE destacou a necessidade do contínuo enfrentamento à desinformação voltada ao processo eleitoral e às eleições.

“O mundo digital é relativamente novo. Em 2018 ainda não havia ferramentas, mecanismos e nem conhecimento suficiente para enfrentar a circulação de notícias falsas. Hoje em dia, as próprias plataformas se tornaram muito mais cooperativas”, ressaltou o ministro.

Barroso disse que, hoje, inclusive por algoritmos, é possível detectar onde há comportamentos inautênticos, que são os que mais preocupam a Justiça Eleitoral. “Uma pessoa dizer uma barbaridade tem uma gravidade relativamente pequena. O problema são os artifícios de amplificação dessa barbaridade”, salientou o ministro, lembrando que, nas Eleições de 2020, o próprio WhatsApp derrubou 360 mil contas por descumprirem as regras do aplicativo de mensagens.

O ministro afirmou que é favorável à autorregulação das plataformas, mais do que à imposição da interferência estatal. “Por exemplo, o Facebook baniu o Trump, porque ele é uma pessoa pública relevante, e disseminava notícias falsas e anticientíficas ou passíveis de gerar violência. E o Facebook considerou que isso violava os termos de uso daquela plataforma. Portanto, eu tenho mais simpatia pelos modelos de autorregulação do que pelos modelos de intervenção estatal na liberdade de expressão”, disse Barroso.

Agradecimento

Ao final, o ministro agradeceu o trabalho desempenhado pela imprensa, especialmente aos jornalistas que cobriram as pautas do TSE nesse período.

“Precisamos nos empenhar, em todo o mundo, em reocupar o espaço próprio do jornalismo profissional. Ou seja, de profissionais que, com técnica e ética, fazem uma seleção dos fatos que acontecem na vida. O que tem acontecido no mundo, e não só no Brasil: a falta desse espaço público criado pelo jornalismo, que é o espaço público em que as pessoas compartilham os fatos, mas divergem quanto às suas opiniões. Ele diminuiu muito. Por outro lado, se ampliou muito o espaço das bolhas, em que as pessoas só ouvem os seus, só ouvem os discursos que querem ouvir e acaba que não há mais interlocução entre grupos”, concluiu.

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