O bilionário Elon Musk, CEO da Tesla, da SpaceX e dono da rede social X (antigo Twitter), anunciou que formou um novo movimento político nos Estados Unidos: o “Partido América”. A revelação ocorre em meio ao crescente descontentamento do empresário com os rumos da política nacional e, particularmente, com a atuação do Congresso em relação às políticas fiscais.
Segundo Musk, a decisão foi motivada pela recente reabertura de debates no Congresso sobre um novo pacote legislativo de corte de impostos e de gastos federais, inspirado na agenda do ex-presidente Donald Trump. O empresário considera que o projeto, amplamente defendido por republicanos, é “mais do mesmo” e não apresenta soluções reais para os desafios estruturais do país.
“Os partidos atuais falharam com os americanos. Precisamos de uma visão que una o país em torno da inovação, da liberdade individual e da responsabilidade fiscal. É hora de uma nova alternativa: o Partido América”, afirmou Musk em publicação na rede X.
Nem democrata, nem republicano
A formação do “Partido América” marca um novo capítulo na trajetória política de Elon Musk, que já havia sinalizado rompimento com os democratas em 2022, ao declarar apoio a candidatos republicanos. Nos últimos anos, Musk tem criticado publicamente o que chama de “radicalismo de ambos os lados”, tanto no progressismo democrata quanto no conservadorismo populista da ala trumpista.
Embora ainda não tenha detalhado propostas ou nomes ligados ao novo partido, Musk afirmou que o “Partido América” terá como pilares inovação tecnológica, liberdade de expressão, empreendedorismo e responsabilidade fiscal, além de foco em educação, energia limpa e segurança pública.
Analistas veem movimento com ceticismo
Especialistas em política americana apontam que a criação de um novo partido nos Estados Unidos enfrenta barreiras institucionais e logísticas consideráveis. O sistema bipartidário do país, ancorado em eleições majoritárias e distritais, dificulta a viabilidade de candidaturas de terceiros partidos em escala nacional.
No entanto, o peso político e econômico de Elon Musk pode atrair atenção significativa, especialmente entre eleitores independentes e jovens empreendedores insatisfeitos com o atual establishment.
“Musk tem uma base de seguidores leal e uma plataforma de comunicação gigantesca com o X. Ele pode não eleger um presidente de imediato, mas pode influenciar o debate político de forma profunda”, avalia o analista político Mark Henson, da Universidade de Georgetown.
Participação eleitoral ainda é incerta
Até o momento, Elon Musk não indicou se pretende lançar sua própria candidatura à presidência ou apoiar outros nomes para as eleições de 2024 ou 2028. Apesar disso, seu engajamento crescente no debate público e o anúncio do Partido América acendem alertas tanto no Partido Republicano quanto no Partido Democrata.
O “Partido América” ainda está em fase inicial, mas já se apresenta como um sintoma do descontentamento crescente com o sistema político tradicional dos EUA — e da ambição de Musk de não apenas influenciar, mas talvez redefinir, os rumos do poder no país.