Para aprimorar ações de combate à violência contra a mulher e garantir sua segurança, a deputada federal Marussa Boldrin (MDB-GO) denunciou ter sido vítima de violência psicológica e física por parte de seu ex-marido, o advogado Sinomar Júnior. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (28) e publicada inicialmente pelo jornal O Globo.
O caso foi registrado na Delegacia de Polícia de Rio Verde, no interior de Goiás, e está sendo investigado pela Polícia Civil. Marussa também solicitou uma medida protetiva amparada pela Lei Maria da Penha. Em carta aberta publicada nas redes sociais, a deputada detalhou episódios de abuso e relatou o processo doloroso até decidir romper definitivamente o relacionamento.
Segundo a parlamentar, os abusos começaram ainda durante a gestação de sua primeira filha. “Insisti, mesmo quando ele passou a me ferir com palavras. Quando dizia que meu trabalho não prestava, que eu era incompetente. Quando desdenhava do meu mandato, usando até mesmo palavras de baixo calão”, escreveu Marussa, ao narrar o início da violência psicológica.
A deputada afirmou que o ex-marido boicotava sua trajetória pessoal e profissional, a ponto de não comparecer à cerimônia de posse de seu primeiro mandato como vereadora. Mesmo diante desses sinais, ela tentou manter o casamento, perdoando inclusive uma traição e engravidando do segundo filho na tentativa de salvar a relação. No entanto, segundo o relato, a situação apenas se agravou.
“Em vez da relação dar sinais de melhora, os abusos se transformaram em pesadelos (…) fui xingada, maltratada, ameaçada e humilhada, criando uma rotina de sofrimento”, descreveu.
Marussa relatou que durante sua campanha eleitoral para deputada federal, houve uma breve reconciliação, quando o ex-marido aparentou mudar de comportamento e demonstrar apoio. Contudo, a primeira agressão física teria ocorrido logo após a posse no novo mandato, em 2023. “Tive vergonha e decidi não contar nem para minha família (…) Pensando em proteger nossos filhos do trauma de um divórcio, decidi seguir com medo”, escreveu.
A parlamentar contou ainda que a segunda agressão aconteceu em 2024, momento em que decidiu colocar fim definitivo ao relacionamento. “Finalmente resolvi falar. Tive coragem de procurar a delegacia e fazer boletim de ocorrência”, afirmou.
Desde então, Marussa Boldrin obteve na Justiça o divórcio e a guarda dos filhos. Em seu relato, afirmou estar agora em busca de um caminho de reconstrução e tranquilidade. “Hoje sigo um caminho de paz”, declarou.
A defesa de Sinomar Júnior foi procurada pelo O Globo para comentar as acusações, mas, até o momento, não houve manifestação. A reportagem será atualizada assim que houver resposta.
O caso reforça a necessidade de debate e ações efetivas para proteção das mulheres em situação de violência, principalmente envolvendo figuras públicas que, como Marussa, decidem romper o silêncio.