A Vale foi mais uma vez destaque na semana. As ações seguiram forte alta com a recuperação do minério de ferro e aumento de meta de produção, que chegou a 330 milhões frente aos 323 milhões projetados anteriormente.
Mas não foi apenas no mercado de ações que a empresa foi destaque. Segundo nota publicada no jornal Correio Braziliense e fontes de Brasília, os bastidores da empresa se tornoram foco de agitadas movimentações após a escolha de Gustavo Pimenta como novo presidente da companhia, no final de agosto. Desde então são crescentes o lobby e as pressões em torno de posições sensíveis e estratégicas na empresa. São negociações e tratativas que envolvem interesses diretos sobre o conselho de administração da companhia e podem colocar em cheque a governança da terceira maior mineradora do mundo.
Em meio a essa intensa articulação, destaca a nota do Correio, estariam atores como o escritório Franceschini Oliveira Advogados Associados, que tem atuado ativamente para influenciar a escolha do comando da área jurídica da empresa. Conhecida por sua atuação em Brasília, a banca tem sócios com interesses na atividade de mineração na Serra do Curral (MG), cartão postal de Belo Horizonte. A região, nos arredores da capital mineira, se tornou epicentro de várias controvérsias, com longo histórico de processos por exploração irregular de lavras e dívidas milionárias de empresas que exercem a atividade mineradora na área.
Tamanha movimentação estaria incomodando Pimenta, que desde 2021 ocupava a vice-presidência executiva de finanças e relações com investidores, indicando uma transição suave de poder na companhia. A posição fechada pelo conselho frustrou as tentativas do governo Federal para emplacar um presidente “outsider”, alinhado aos interesses da administração.
Toda essa mudança acontece no momento em que em breve acontecerão também as decisões relacionadas ao bilionário acordo da tragédia Mariana que vem se arrastando há uma década . As partes envolvidas vêm anunciando que o acordo deverá ser finalmente assinado até Outubro. A coluna Painel da Folha de S. Paulo destacou a informação que o governo federal está propenso a aceitar a proposta de R$100 bilhões feitas pelas empresas envolvidas, Não aceita, no entanto, a condição de pagamento em 20 parcelas em um prazo de 30 anos. Uma solução intermediária de 15 anos atenderia às expectativas de Brasília.
No campo jurídico, a Vale também vem enfrentando questões regulatórias para a exploração mineral na região da Serra do Curral (MG), tema sensível para o comitê executivo da companhia. Todos esses movimentos são pontos-chave para a os próximos passos da ação – e o mercado e os investidores devem ficar atentos. Procurados pela reportagem,os sócios do escritório Franceschini Oliveira não foram localizados.