A fusão entre PSDB e Podemos está alçando a homem forte o líder evangélico que batizou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas águas do Rio Jordão, em Israel, em 2016. Candidato a presidente da República pelo PSC dois anos antes, o pastor Everaldo Dias será o tucano mais poderoso do Rio pelo acordo que está sendo desenhado entre as cúpulas dos dois partidos em Brasília.
Everaldo é conhecido como o político com o mais aguçado faro para as eleições no estado nas últimas décadas. Seja com Anthony e Rosinha Garotinho, Sérgio Cabral, Luiz Fernando Pezão ou Wilson Witzel, o pastor sempre esteve ao lado do candidato vitorioso para o Palácio Guanabara. Caminho oposto ao do PSDB fluminense, que desde Marcello Alencar amarga a irrelevância no xadrez político do Rio.
O PSDB+Podemos (é assim que o partido está sendo chamado neste momento) terá dois parentes de Everaldo no comando: o filho Filipe Pereira, hoje responsável pelo Podemos na esfera estadual, e o irmão Marcos Dias, vereador que cuida da sigla no âmbito municipal. Ambos têm projetos eleitorais para o ano que vem: Filipe quer voltar para a Câmara dos Deputados, por onde passou entre 2006 e 2014; Marcos mira uma candidatura ao Senado.
O noticiário policial proporcionado pela operação Lava-Jato já havia ligado PSDB e pastor Everaldo no passado. Delação premiada do executivo Fernando Reis apontou que a empreiteira Odebrecht orientou o pastor a ajudar o candidato do PSDB, Aécio Neves, na eleição presidencial de 2014. Segundo Reis, o objetivo da empresa com a manobra foi “dar mais visibilidade” para o candidato tucano durante um debate contra a então presidente Dilma Rousseff. O favor, segundo a delação, custou R$ 6 milhões. Procurado na ocasião da divulgação do depoimento, Everaldo negou ter recebido os recursos.
Quatro anos depois novas investigações atingiram o pastor. Ele foi preso na operação Tris in Idem, que também determinou o afastamento do cargo do então governador Wilson Witzel. O processo sob responsabilidade do Superior Tribunal de Justiça (STJ) apurava fraudes em contratos na área da Saúde. Em 2021, Everaldo foi solto e, durante um ano, montou a incorporação do seu partido, o PSC, com o Podemos. Segundo nota publicada pelo colunista Guilherme Amado no ano passado, o pastor passou a receber R$ 25 mil mensais no posto de primeiro vice-presidente da sigla.
O novo PSDB+Podemos vem sendo disputado no Rio pelo prefeito Eduardo Paes e o governador Cláudio Castro. O grupo ligado a Everaldo já tem a secretaria de integração metropolitana da prefeitura, mas o Palácio Guanabara prepara uma proposta de abertura de espaço no primeiro escalão para tirar os novos tucanos da influência de Paes. “Por enquanto não recebemos nenhum convite”, diz Filipe, para depois dizer quem a família Pereira deseja apoiar para presidente em 2026, sinalizando um maior alinhamento com a prefeitura. “Ratinho Jr. seria um ótimo nome”, afirma sobre o governador paranaense do PSD, partido de Paes.
Caso Everaldo mantenha a candidatura de seu irmão ao Senado, haverá disputa no Ministério de Madureira da Assembleia de Deus, denominação que a família no comando do Podemos participa. A igreja presidida pelo bispo Abner Ferreira tem outro pré-candidato ao Senado, o deputado federal Otoni de Paula, recentemente filiado ao PRTB. “Nunca ouvi o Abner dizer que apoia o Otoni, só ele que diz isso. Mantenho o que disse: sou candidato ao Senado”, diz Marcos Dias.
Encerrados os interrogatórios dos primeiros réus da ação penal instaurada para julgar se houve tentativa de golpe de estado no Brasil, os principais jornalistas brasileiros partiram para analisar os depoimentos e projetar o futuro do processo. Fiz uma seleção dos parágrafos que mais me chamaram a atenção dos textos publicados nos jornais desta quarta-feira
No jornal O Globo, Vera Magalhães minimizou a participação do ministro Luiz Fux nas inquirições em seu artigo ‘Condenação à vista’. Ele vem sendo celebrado pelo bolsonarismo como alguém que poderá fazer um contraponto ao ministro Alexandre Moraes, relator do caso, no momento do julgamento. Para Vera, “Fux inquiriu Cid, mas foi quase um ouvinte nos demais depoimentos, exceção feita ao Almirante Garnier. Nada em sua participação nesta fase o aproximou da figura de “um revisor informal” (…). Não houve nada próximo dos embates entre Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski no julgamento do mensalão em 2012”.
Roseann Kennedy, no “Estado de S. Paulo”, destacou a diferença do humor de Alexandre de Moraes nos interrogatórios dos réus desta semana na comparação com as audiências com as testemunhas do mês passado. Em maio, o ministro chegou a ameaçar prender o ex-deputado Aldo Rebelo. “A condução dos trabalhos foi leve. O ministro conduziu com bom humor”, afirmou Eumar Novacki, advogado do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres.
Igor Gielow, na “Folha de S. Paulo”, fez o seguinte questionamento após o que chamou de ‘troca de amenidades’ no STF. “Como o apoiador mais radical, aquele que gostaria de ver a cabeça de Moraes num espeto metafórico ou real, reagiu ao clima de camaradagem?”. No Valor, Maria Cristina Fernandes começou a achar a resposta para a pergunta ao descrever as reações na internet ontem de um simpatizante raiz de Bolsonaro: “Foi ruim”, resumiu o influenciador Paulo Figueiredo, foragido da Justiça brasileira nos EUA, ao comentar o depoimento do ex-presidente (…). Achou-o pouco preparado e confuso nas respostas e desesperou-se com o pedido de desculpas de Jair Bolsonaro a Moraes pela afirmação de que o ministro recebera milhões em suborno”.
Dora Kramer, na “Folha de S. Paulo”, abordou a tentativa de reduzir a gravidade das ações dos envolvidos na trama. Lembrou o próprio delator, o tenente-coronel Mauro Cid, que chamou de ‘conversas de bar’ as conspirações feitas às vésperas da posse de Lula. “A informalidade desenhada por ele, no entanto, no lugar de amenizar só agrava a evidência de que havia naquele governo autorização para se urdirem violações legais no uso distorcido da Constituição”.
Bernardo Mello Franco, no GLOBO, destacou a mais importante frase de Bolsonaro na tarde de ontem no Supremo. O ex-presidente “sugeriu que um golpe seria inviável por razões alheias à sua vontade: ‘Não tinha clima, não tinha oportunidade e não tinha uma base minimamente sólida para fazer qualquer coisa”.
Dois artigos buscaram prever o futuro, tanto do ponto de vista jurídico quanto do político. “Pelo andar da carruagem, os réus da trama golpista serão condenados porque Jair Bolsonaro, com sua retórica apocalíptica, brandia o risco de um golpe desde os primeiros meses de seu governo. O Brasil teve nove marechais e generais na Presidência. Mas só o ex-capitão Jair Bolsonaro referia-se ao ‘Meu Exército”, escreveu Elio Gaspari no GLOBO.
“Enquanto Bolsonaro está no banco dos réus, a estratégia do Palácio do Planalto consiste em manter a polarização cada vez mais acirrada. Não foi só para defender Moraes que Lula criticou a movimentação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro nos EUA. O petista chamou Eduardo para a briga porque a ele interessa que o filho do ex-presidente seja seu desafiante em 2026. O governador Tarcísio de Freitas é desconhecido do grande público, mas não conta com a rejeição do sobrenome Bolsonaro (…). Representa a direita inteligente “que come de garfo e faca’. Pode
Se você ficou grudado na TV no último domingo vendo o confronto épico da final de Roland Garros entre o espanhol Carlos Alcaraz e o italiano Jannik Sinner, precisa ver esses três episódios disponíveis no streaming. O documentário reflete sobre as contradições que envolvem praticar um esporte de alta performance e ter saúde mental em dia. Desde criança, Alcaraz já dizia ter o sonho de ser o melhor jogador de tênis da história. Ao mesmo tempo, quer poder ter tempo para desfrutar da juventude.
“Qual o seu maior medo?”. A pergunta é feita ao espanhol no capítulo um da série: “Ver o tênis como uma obrigação”, responde. No segundo episódio, chamado”. Eu não sou Rafa”, em referência ao compatriota Rafael Nadal e sua rígida disciplina para estar no auge físico, uma história retrata bem as outras prioridades do tenista na sua vida. Alcaraz deixou sua equipe enfurecida quando viajou para Ibiza, em 2023, às vésperas do início da temporada na grama. No retorno, o espanhol venceu os dois torneios principais do período (Queens e Wimbledon). Em 2024, contudo, ao repetir o passeio, acabou ficando fora de forma, e foi eliminado nas mesmas duas competições.
Com o título de Roland Garros, Alcaraz alcançou a marca de cinco Grand Slams conquistados aos 22 anos. Novak Djokovic tem 24 taças com 38 anos. O técnico do espanhol, o ex-jogador Juan Carlos Ferrero, faz a conta para o seu pupilo tornar-se o maior da história. “Você precisa ganhar dois Grand Slams por ano, durante alguns bons anos. Se em algum ano você só ganhar um, no seguinte vai precisar ganhar três.”