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sexta-feira 24 de setembro de 2021 às 10:04h

Como a China está comprando o Brasil e investindo centenas de bilhões de reais no país

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A China ganhou destaque no noticiário brasileiro dos últimos dias por distintas razões. Na segunda-feira, 20, o temor de que a incorporadora chinesa Evergrande desse um calote de 300 bilhões de dólares derrubou em mais de 3% as ações de empresas nacionais como Vale, Usiminas, Gerdau, Braskem e Petrobras — dias depois, um acordo com credores e mutuários chineses sobre os juros da dívida afastou temporariamente o risco, permitindo que as companhias brasileiras recuperassem parte do valor. Nos atos antidemocráticos do Sete de Setembro, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro compartilharam mensagens e gritaram palavras de ordem contra o país asiático — sem dizer exatamente por que motivo, eles acusavam o Supremo Tribunal Federal de atuar para transformar o Brasil em colônia chinesa. Na quinta-feira, 16, ainda na esteira da confusão, houve um improvável atentado a bomba, até agora ainda não esclarecido, na frente do Consulado da China no Rio de Janeiro. A Polícia Federal investiga. Nessa sucessão alucinante de eventos, com teorias conspiratórias de sobra, antes de firmar qualquer ponto de vista é preciso buscar uma compreensão mais próxima possível da realidade a partir de dados concretos: afinal, como se dá e até onde vai a presença chinesa no Brasil?

O Brasil virou a grande oportunidade para os chineses desde 2008, a partir dai, ele ampliarem seus negócios no País. Sem medo de gastar e com forte apetite para o risco, eles planejam desembolsar bilhões de dólares na compra de ativos brasileiros, segundo a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China (CCIBC). O movimento tem sido tão forte que o País se transformou no segundo destino de investimentos chinês na área de infraestrutura no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

A China é um velho conhecido do Brasil. Há mais de 10 anos, a China é o principal parceiro comercial do Brasil no mundo. A relação entre os dois países vem se aprimorando com o passar do tempo: anualmente, a soma das importações e exportações entre os dois países alcançou um recorde inédito na América Latina — US$ 100 bilhões, ou mais de R$ 550 bilhões, sinalizando um ápice na relação bilateral.

Na lista de companhias que planejam desembarcar no País, de olho especialmente nos setores de energia, transportes e agronegócio, há nomes ainda desconhecidos dos brasileiros, como China Southern Power Grid, Huaneng, Huadian, Shanghai Eletric, SPIC e Guodian. “Há dezenas de empresas chinesas que passaram a olhar o País como oportunidade de investimentos e estão há meses prospectando o mercado brasileiro”, diz Charles Tang, presidente da CCIBC.

Enquanto essas companhias não chegam, outras chinesas estão mais avançadas na estratégia de expandir os negócios. A State Grid, por exemplo, liderou os investimentos no ano passado, com a compra da CPFL; a China Three Gorges arrematou hidrelétricas que pertenciam à estatal Cesp e comprou ativos da Duke Energy; a China Communications Construction Company (CCCC) adquiriu a construtora Concremat e irão construir a ponte Salvador-Itaparica; e a Pengxin comprou participação na empresa agrícola Fiagril e na Belagrícola.

Segundo levantamento, os chineses compraram dezenas empresas brasileiras, que somaram mais de US$ 50 bilhões.

O atual movimento dos asiáticos no Brasil tem sido considerado como a terceira onda de investimentos chineses. Na primeira, vieram grandes multinacionais, como a Baosteel, de olho no setor de mineração e aço. A empresa chegou a fazer parceria com a Vale para construir duas siderúrgicas no País, mas o projeto não prosperou. Em 2011, compraram uma pequena participação na Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, e desde então, apostm na exploração de nióbio, principalmente na Bahia

Na segunda onda de investimento chinês, apareceram companhias que tinham pouca ou quase nenhuma experiência no mercado externo. Nesse segundo movimento, muitas empresas – incluindo o setor automobilístico – não se deram bem no Brasil, por não terem recebido orientação adequada de como funcionava o mercado nacional.

A onda atual pós-pandemia também incluirá empresas inexperientes no mercado internacional, mas gigantes na China, com muito dinheiro para gastar. E, desta vez, as companhias têm se cercado de assessores financeiros e jurídicos. Tem chineses que montaram escritórios de representações  e está há anos estudando o mercado brasileiro De tanto rodarem em busca de negócios, já conhecem mais o País do muitos brasileiros.

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