Diante da queda nos índices de popularidade, o presidente Lula da Silva (PT) decidiu intensificar sua presença nos estados e reforçar agendas públicas nas próximas semanas. Um dos compromissos estratégicos já confirmados é sua participação nas comemorações do 2 de Julho, data que celebra a Independência da Bahia — considerada por Lula como a “verdadeira Independência do Brasil”. A informação foi divulgada pela coluna de Igor Gadelha, do portal Metrópoles.
O evento, realizado em Salvador, é tradicionalmente marcado por desfiles cívicos e manifestações culturais e políticas, reunindo lideranças locais, movimentos sociais como a CUT e o MST, além de milhares de baianos. Neste ano, a presença de Lula adquire um peso ainda maior, sendo interpretada como parte de uma tentativa de reverter o desgaste político e recuperar protagonismo diante das dificuldades enfrentadas em Brasília.
Um novo olhar sobre a história
Durante sua participação na celebração de 2024, Lula fez questão de destacar o simbolismo do 2 de Julho, sugerindo que o Brasil precisa revisar sua narrativa histórica. Para o presidente, a data representa o verdadeiro marco da independência nacional, pois simboliza a resistência popular e a luta efetiva contra o domínio português.
“Nós tivemos a verdadeira Independência do Brasil com a expulsão dos últimos portugueses, no 2 de julho, em Salvador. Onde houve luta, resistência e mulheres heroínas que garantiram essa vitória. A independência que se comemora no 7 de Setembro foi um conchavão da Coroa”, declarou Lula na ocasião. O presidente ainda defendeu a oficialização das duas datas como parte da memória nacional: “Vamos ter que recontar a história desse país”.
Aliança estratégica com Jerônimo
A visita à Bahia também tem um peso político-eleitoral relevante. O estado foi um dos mais fiéis a Lula nas eleições de 2022 e é governado por Jerônimo Rodrigues (PT), um nome que Lula ajudou decisivamente a eleger. Agora, no entanto, o cenário se inverte: Jerônimo também precisa de Lula — mas é Lula quem precisa ainda mais de Jerônimo.
Com seu governo enfrentando dificuldades de articulação no Congresso e queda de popularidade nas pesquisas, Lula aposta em sua conexão com lideranças regionais para manter a base mobilizada. Jerônimo, por sua vez, tenta consolidar sua gestão e preparar o terreno para as eleições municipais de outubro, que serão decisivas para o futuro político do PT no estado.
A presença de Lula no 2 de Julho busca, portanto, fortalecer mutuamente essa aliança. O presidente aparece como cabo eleitoral de peso, enquanto Jerônimo oferece a Lula um palco com forte apelo simbólico e respaldo popular, num estado onde a militância petista segue ativa e influente.
Reação política
Com sucessivas derrotas no Congresso Nacional e dificuldades em avançar pautas econômicas, o Planalto vê em eventos como o 2 de Julho uma oportunidade de tentar reconectar o presidente com suas bases. As ruas de Salvador, onde Lula é historicamente bem recebido, se tornam um ambiente propício para discursos de afirmação, gestos políticos e sinalizações importantes para o cenário nacional.
O ato, portanto, é mais do que uma celebração cívica: é uma tentativa de reorganização estratégica de forças, em um momento em que Lula busca respostas à crise de governabilidade e de imagem.