Cardeal reforça legado pacifista do papa Francisco em funeral no Vaticano

Durante o funeral do Papa Francisco, realizado nesta sexta-feira (25) no Vaticano, o cardeal Giovanni Battista reiterou críticas à política migratória do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A informação é de Bernardo Mello Franco, em O Globo. Responsável pela homilia da cerimônia, o decano do Colégio dos Cardeais evocou uma das mensagens mais emblemáticas do pontífice argentino: “Construir pontes, e não muros”.

A declaração de Battista, feita na presença de Trump, ganhou forte simbolismo político em um evento que reuniu líderes de diversas partes do mundo, como o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Sem citar nomes diretamente, o cardeal reforçou a postura crítica do Papa Francisco em relação ao fechamento de fronteiras e à exclusão de migrantes, princípios que marcaram a gestão do ex-presidente americano.

“Construir pontes, e não muros, é uma exortação que ele repetiu muitas vezes”, afirmou Battista, relembrando o empenho de Francisco em defender o acolhimento, a solidariedade e o diálogo entre os povos.

Em outro trecho de sua homilia, o cardeal italiano destacou o compromisso do Papa com a paz global. “Diante do eclodir de tantas guerras, inúmeras mortes e destruição, o Papa Francisco levantou incessantemente a sua voz, implorando por paz e convidando à sensatez”, disse. Battista ainda ressaltou o ensinamento do pontífice sobre os efeitos devastadores dos conflitos armados: “A guerra, dizia ele, é somente morte de pessoas, destruição de casas, hospitais e escolas. A guerra deixa sempre o mundo pior do que estava”.

A cerimônia fúnebre de Francisco — pontífice que comandou a Igreja Católica entre 2013 e 2025 — foi marcada por forte carga política, refletindo o papel que ele desempenhou como defensor dos direitos humanos, dos migrantes e da justiça social em meio ao avanço de forças conservadoras ao redor do mundo. Segundo destacou recentemente o assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, o Papa Francisco “fez um firme contraponto ao avanço da extrema direita internacional”.

O funeral reforçou, assim, não apenas a memória religiosa do Papa, mas também seu legado político e humanitário, renovando a mensagem de que, em tempos de intolerância e conflitos, a construção de pontes continua sendo um dos maiores desafios da humanidade.