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Candidatos à Presidência propõem guinada drástica na política externa

Foto: Reprodução/Facebook
segunda-feira 1 de outubro de 2018 às 14:03h

Se um dos atuais líderes nas pesquisas vencer as eleições presidenciais, a política externa brasileira pode sofrer uma guinada drástica.

Jair Bolsonaro (PSL) promete um rompimento com posições diplomáticas tradicionais do Brasil, enquanto Fernando Haddad (PT) propõe uma desconstrução da política externa dos últimos dois anos e o resgate da diplomacia lulista.

Com Bolsonaro, o elemento incerteza é maior “”sem nomes óbvios em política externa, a campanha tem contado com colaboradores informais e é difícil discernir o que é slogan eleitoral do que seria realmente posto em prática.

Fã declarado do presidente americano, Donald Trump, Bolsonaro já afirmou diversas vezes que quer aproximar o Brasil dos EUA e de Israel. “Os americanos tiveram um papel extraordinário na nossa história, impediram que nós virássemos uma Cuba em 1964”, disse ele, em vídeo neste ano.

O presidenciável emulou seu ídolo ao anunciar que gostaria de transferir a embaixada do Brasil em Israel para Tel Aviv e que pretende fechar a embaixada da Autoridade Palestina em Brasília. Nos dois casos, romperia com tradições diplomáticas do Brasil e geraria hostilidade dos países árabes.

“A Palestina não é país, não deveria ter embaixada aqui. Não dá para negociar com terrorista”, afirmou em agosto.

O governo brasileiro reconheceu a Palestina como Estado independente em 2010.

Um de seus filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro, é ainda mais assertivo em sua defesa de Israel. “Israel abriga em seu território milhões de árabes, dá água, dá hospital para eles”, disse. “Hamas, Hizbullah, esses são os verdadeiros terroristas. Israel não lança bomba para cima da Palestina”, afirmou em discurso na Câmara, em junho.

Em sua posição pró-Israel, Bolsonaro é influenciado pelos evangélicos e por alguns apoiadores da comunidade judaica conservadora, como Meyer Nigri, fundador da construtora Tecnisa, e o empresário Fábio Wajngarten.

“Esta viagem a Israel, Estados Unidos, Japão, Coreia e Taiwan mostra de quem seremos ser amigos; queremos nos juntar com gente boa”, disse Bolsonaro em evento em Taiwan, em março deste ano.

Sua viagem, aliás, causou uma saia justa diplomática. Ele foi o primeiro presidenciável a visitar Taiwan desde que o Brasil reconheceu Pequim como “o único governo legal da China” em 1974.

Em carta, o governo chinês manifestou sua “profunda preocupação e indignação”, dizendo que a visita do deputado violava “o princípio de Uma Só China”.

Ao longo da campanha, Bolsonaro demonstrou desconfiança em relação à China.

“Está vindo um monte de chinês aqui comprar nossas terras, eles vão quebrar nossa agricultura e dominar nossa segurança alimentar”, disse em vídeo, neste ano. “A China não está comprando no Brasil, está comprando o Brasil.”

O guru econômico de Bolsonaro, Paulo Guedes, vem se reunindo com Marcos Troyjo, diretor do BRICLab da Universidade Columbia e colunista da Folha. Uma das principais ideias que Troyjo teria discutido com Guedes é a reemergência dos Estados Unidos como grande potência mundial e a metamorfose da China, país que está agregando valor a sua produção, com o Plano China 2030, e que está cada vez mais assertivo no cenário global, com projetos como One Belt One Road.

Hussein Kalout, secretário de Assuntos Estratégicos do governo Temer, é próximo do vice de Bolsonaro, general Hamilton Mourão (PRTB), e almoçou recentemente com ele e Guedes. Ele nega estar se aproximando da campanha, mas Marcos Degaut, seu sócio e secretário adjunto na SAE até agosto, afirma estar colaborando informalmente.

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