A tentativa de assassinato contra o senador colombiano Miguel Uribe Turbay, ocorrida no último sábado (7), gerou uma onda de reações entre parlamentares e influenciadores ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Para os bolsonaristas, o atentado se soma a uma suposta escalada de violência política contra líderes conservadores ao redor do mundo, comparando o caso colombiano com a facada em Bolsonaro, em 2018, e com o tiro disparado contra o ex-presidente Donald Trump durante a campanha de 2024.
O ataque a Uribe
Miguel Uribe Turbay, aliado do ex-presidente Álvaro Uribe e pré-candidato à presidência da Colômbia, foi alvo de tiros durante um ato público na região de Fontibón, em Bogotá. O senador sobreviveu, mas foi internado em estado grave. O autor dos disparos, um adolescente de 14 anos, foi detido no local. As autoridades ainda investigam a motivação do ataque, que abalou o cenário político colombiano.
Reação no Brasil
A direita brasileira rapidamente reagiu ao atentado. Nas redes sociais, aliados de Jair Bolsonaro apontaram o episódio como mais uma evidência de uma “caça a conservadores”.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou:
“Uribe, Trump, Bolsonaro. Três líderes conservadores, três tentativas de assassinato. Coincidência?”
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) publicou:
“A esquerda global perdeu o pudor. Quando não conseguem vencer pelo voto, recorrem à violência.”
Outros parlamentares do PL e comentaristas da direita reforçaram o discurso, citando os três episódios como parte de um “padrão internacional de perseguição política”. Alguns chegaram a pedir que organismos internacionais “fiscalizem a segurança de líderes conservadores”.
Comparações
A facada em Jair Bolsonaro, durante a campanha eleitoral de 2018, foi praticada por Adélio Bispo, considerado inimputável por transtornos mentais. Já o atentado contra Donald Trump, em 2024, durante um comício na Pensilvânia, foi tratado como um ato político isolado, ainda que o caso tenha gerado enorme comoção nos EUA.
No caso colombiano, ainda não há indícios claros de motivação política, mas a direita brasileira já incorpora o episódio à sua narrativa global.
Para o cientista político João Ricardo Penteado, da UFRJ:
“O bolsonarismo faz uso recorrente de um discurso que mistura vitimização e alerta permanente. Essa reação é coerente com a lógica discursiva do movimento, embora nem sempre com respaldo nos fatos.”