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O prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), aproveitou o impasse na montagem da chapa majoritária do grupo governista baiano para sinalizar um possível realinhamento político em direção à oposição. Em agenda pública nesta terça-feira (27), Bruno não poupou críticas ao tratamento dado pelo grupo petista ao senador Angelo Coronel (PSD), que disputa espaço na corrida para o Senado em 2026.
Ao comentar o desconforto do senador dentro da base do governador Jerônimo Rodrigues (PT), Bruno foi direto: “É assim que eles tratam os aliados deles. Literalmente dando um chute na bunda do PSD. Caso o senador Angelo Coronel e outros entendam que podem seguir um projeto diferente, estamos abertos ao diálogo para construir alianças que possam permitir a gente mudar a Bahia.”
A declaração amplia o campo político da oposição e joga luz sobre a instabilidade dentro da base governista, onde há pelo menos três nomes já colocados para as duas vagas na chapa de 2026: além de Coronel, os senadores Jaques Wagner (PT) e o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), também demonstraram interesse em disputar o Senado.
Coronel sinaliza ruptura
Na semana passada, Coronel já havia dado sinais públicos de insatisfação. Ao Portal A Tarde, o senador do PSD afirmou que pode deixar o grupo caso não haja espaço para sua candidatura. “Eu não gosto de antecipar fatos. Se onde estou, eu não tiver vaga, não tenho porque permanecer em um lugar que não me quer”, disse, sem descartar uma candidatura independente.
A tensão aumenta a pressão sobre o governador Jerônimo Rodrigues, que precisa arbitrar a disputa entre caciques políticos experientes e manter a coesão da base aliada — que enfrenta desgastes em diferentes frentes.
O destino de Ana Paula Matos
Ainda durante o evento desta terça, Bruno Reis comentou o futuro político da vice-prefeita Ana Paula Matos, que deve deixar o PDT nos próximos meses. A sigla, que esteve com o prefeito nas eleições de 2024, rompeu com a administração municipal e migrou para a base do governador petista.
Com a vice prestes a trocar de partido, o prefeito sinalizou que o União Brasil está pronto para acolhê-la. “A vice-prefeita pode sair a qualquer tempo. No momento certo, nós vamos tomar a decisão de que partido ela vai se filiar. O União Brasil está de portas abertas para receber ela”, afirmou.
A movimentação de Ana Paula reforça o cenário de reorganização política na Bahia, com trocas de lado e formação de novas alianças se intensificando nos bastidores, mesmo faltando pouco mais de um ano para o pleito estadual.
Um tabuleiro em movimento
A fala de Bruno Reis representa mais que uma provocação: é um convite estratégico para reconfigurar a oposição e aproveitar as fissuras no grupo governista. Resta saber se Angelo Coronel aceitará a mão estendida — e se outras lideranças do PSD seguirão o mesmo caminho. Em um cenário de forte disputa por espaço, as alianças de hoje podem não resistir até 2026.
