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quarta-feira 23 de outubro de 2024 às 17:17h

‘Brasil precisa se posicionar como um país ocidental’, diz Arminio Fraga

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No mesmo dia em que o presidente Lula da Silva (PT) faz sua participação na Cúpula do Brics com discurso com fortes críticas aos países desenvolvidos, Arminio Fraga, sócio-fundador da Gávea Investimento, diz que Brasil precisa se posicionar como um “país ocidental”.

“Penso que temos que ter muito claro em nossa mente que somos um país ocidental”, afirmou em sua participação durante evento promovido pela Bloomberg em São Paulo, onde participou do painel “A economia do novo populismo”.

Em seu discurso feito remotamente na cúpula de líderes do Brics, Lula falou, referindo-se às mudanças climáticas, que “Não há dúvidas de que a maior responsabilidade recai sobre os países ricos, cujo histórico de emissões culminou na crise climática que nos aflige hoje”, disse o petista.

Depois, em entrevista a jornalistas, perguntando sobre o porquê de o Brasil ter um posicionamento como país ocidental, Fraga disse: “Tem a ver com nossa identidade, nossos valores. O Brasil é ocidental, desde sua origem. Em um mundo tão dividido, quando a gente pensa na qualidade da nossa democracia, nos direitos humanos, fica muito claro onde o Brasil tem que estar”, disse.

Política fiscal

Arminio Fraga, que foi presidente do Banco Central entre 1999 e 2003, no governo Fernando Henrique, também comentou na entrevista aos jornalistas sobre a questão fiscal no país. Para ele, o Brasil “já deveria ter entendido que responsabilidade fiscal é algo bom”.

Em sua avaliação, é o que ajuda a produzir prosperidade e oportunidades. “Enquanto o Brasil tiver as finanças públicas fora do lugar, vamos estar com taxa de juros astronômica. Difícil imaginar o Brasil se desenvolvendo plenamente com uma taxa de juros real acima de 6%”.

A taxa básica de juros nominal no Brasil hoje está em 10,75% ao ano. O país tem a segunda maior taxa de juros real do mundo, que é a taxa após descontada a inflação.

Fraga segue dizendo que, na sua avaliação, o país tem tido “muita dificuldade em dar prioridades corretas aos seus gastos”. “O Brasil tem contas enormes, como a Previdência, a folha de pagamento do funcionalismo público, incluindo os três Poderes, e um número de subsídios que não faz menor sentido, nem do ponto de vista do crescimento, tampouco do ponto de vista de reduzir a desigualdade enorme que nós temos. Não se muito isso na discussão pública”.

O economista também chamou a atenção para o fato de que o país, nos últimos 43 anos, está crescendo menos que os países ricos. “O padrão de vida do Brasil deveria estar se aproximando das economias mais prósperas. Mas nesse período [últimos 40 anos] aconteceu o oposto”.

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