Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reagiram nesta quinta-feira (3) à invasão da sede do Itaú BBA, na Avenida Faria Lima, na Zona Oeste de São Paulo, por manifestantes de movimentos sociais de esquerda, e compararam o episódio aos atos golpistas do 8 de Janeiro. O protesto pedia a taxação dos super-ricos e a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, pautas atuais do governo do presidente Lula da Silva (PT).
Ex-advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten citou as penas concedidas aos presos condenados pelo 8 de janeiro em post com o vídeo da manifestação desta quinta-feira. “A invasão de propriedade privada na Faria Lima que ocorre nesse momento em SP condenará os autores a mais de 10-15-18 anos de cadeia?”, questionou em postagem no X.
“A polícia tem que prender todos imediatamente que invadiram a propriedade privada. Os bandidos devem ser identificados, separados, todos em ônibus, fichados, presos e sentenciados em 15 dias. A resposta aqui em SP tem que ser energética. Ela, por óbvio, tem precedente legal com a jurisprudência de Brasília”, disse Wajngarten em outra publicação.
O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) chamou os manifestantes de “militantes do (deputado federal Guilherme) Boulos” em postagem crítica ao governo petista. “A turma da baderna não tem limites”, disse.
“Ataques ofensivos feitos ao Congresso pelo PT e seus aliados nas redes sociais, militantes do Boulos invadem banco na Faria Lima, Lula visita a corrupta Cristina Kirchner em prisão domiciliar na Argentina. A turma da baderna não tem mais limites”, escreveu.
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), por sua vez, marcou a conta oficial do Supremo Tribunal Federal (STF) no X em post com o vídeo da manifestação. “Quantos anos vão pegar de cadeia? Ou só vale pra quem tá de verde e amarelo?”, questionou.
Já o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) afirmou que os manifestantes “começaram com o terrorismo político”.
Boulos comemora invasão
A Frente Povo Sem Medo e o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), dois dos principais movimentos sociais da esquerda, invadiram o endereço na Avenida Faria Lima nesta quinta-feira. Após permanecerem por pouco mais de duas horas e meia no local, carregando bandeiras e gritando palavras de ordem, os integrantes dos movimentos deixaram o prédio de forma pacífica no início da tarde.
O ato ocorre poucos dias após os grupos intensificarem críticas ao Congresso Nacional nas redes sociais. As publicações, que classificam o Legislativo como “inimigo do povo”, usaram a hashtag #CongressoDaMamata e mostraram imagens da sede do parlamento em chamas. Ao mesmo tempo, o governo federal tem subido o tom do discurso de “ricos contra pobres” em postagens digitais.
“A ocupação não é somente uma ação simbólica, é uma denúncia clara: os donos do Itaú, que compraram esse prédio por R$ 1,5 bilhão, pagam menos imposto que a maioria esmagadora do nosso povo, que luta para pagar aluguel e comer”, afirmou a Frente Povo Sem Medo em nota.
Nas redes sociais, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), ligado aos movimentos sociais, comemorou a invasão do prédio. “Pra cima! O @mtst e a Frente Povo Sem Medo ocuparam hoje a sede do Itaú na Faria Lima – o prédio mais caro do Brasil, que custou R$ 1,5 bi para ser construído. A ocupação tem como pauta a taxação dos super-ricos. O recado do povo é claro: o Brasil precisa de Justiça tributária”, escreveu o parlamentar.
A Frente Povo Sem Medo é considerada um dos principais braços de mobilização da esquerda para atos de rua. Criado em 2015, o movimento organizou manifestações contra o pedido de impeachment da então presidente Dilma Rousseff e, posteriormente, ocupou o triplex no Guarujá atribuído ao ex-presidente Lula nas investigações da Operação Lava-Jato.