Ex-presidente do Uruguai é lembrado por sua simplicidade, luta pela democracia e legado político na América Latina
A morte do ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, gerou forte comoção nesta terça-feira (13) e foi amplamente lamentada por lideranças políticas da América Latina e do mundo. Ícone da esquerda latino-americana, Mujica era reconhecido por seu estilo de vida humilde, sua coerência política e pela defesa incansável da democracia e da justiça social.
Mujica faleceu aos 89 anos, nesta segunda-feira (13), em Montevidéu, em decorrência de complicações de saúde ligadas ao câncer, agravado pela sua conhecida condição respiratória crônica.
O presidente Lula da Silva (PT), que está em viagem pelo oriente, lamentou oficialmente a morte do ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica por meio de uma nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores nesta tarde de terça. Na declaração, Mujica é descrito como um “grande amigo do Brasil” e “um dos mais importantes humanistas de nossa época”. O texto destaca ainda seu papel fundamental na integração regional por meio de iniciativas como o Mercosul, a Unasul e a Celac.
Em dezembro de 2024, durante visita a Montevidéu, Lula condecorou Mujica com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta honraria brasileira destinada a cidadãos estrangeiros. Na ocasião, o presidente brasileiro referiu-se a Mujica como “a pessoa mais extraordinária” entre os presidentes com quem conviveu.
Repercussão internacional
Diversas autoridades e ex-chefes de Estado expressaram condolências e homenagens ao líder uruguaio, que governou o país entre 2010 e 2015.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente do Brasil, se manifestou em suas redes sociais:
“Pepe Mujica foi um dos maiores líderes da América Latina. Um homem íntegro, que sempre defendeu os mais pobres com coragem e honestidade. Sua partida deixa um vazio profundo, mas também um legado eterno de dignidade e humanidade.”
O presidente do Chile, Gabriel Boric, classificou Mujica como “um exemplo de ética na política”. Já Gustavo Petro, presidente da Colômbia, afirmou que o ex-presidente uruguaio “fez da simplicidade uma bandeira política e da resistência, um modo de vida”.
Tributo no Uruguai
O atual presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, decretou luto oficial de três dias.
“Apesar das diferenças ideológicas, Mujica foi um patriota, um democrata e alguém que sempre colocou o Uruguai acima de tudo”, declarou Lacalle em pronunciamento oficial.
A sede do Parlamento Nacional uruguaio amanheceu com bandeiras a meio mastro, e milhares de cidadãos se dirigiram à sede da Frente Ampla, partido de Mujica, para prestar homenagens.
Legado
Ex-guerrilheiro tupamaro, Mujica passou 13 anos preso durante a ditadura militar uruguaia. Após a redemocratização, iniciou uma trajetória política que culminou na presidência do país, marcada por avanços sociais e por uma política externa baseada no diálogo e na integração regional.
Durante seu mandato, ficou famoso por abrir mão de privilégios, morar em uma chácara simples nos arredores de Montevidéu e doar a maior parte de seu salário presidencial.
“Não sou pobre, sou sóbrio”, costumava dizer Mujica, cuja postura inspirou lideranças políticas e movimentos sociais ao redor do mundo.