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sexta-feira 16 de agosto de 2019 às 06:33h

Ator baiano ironiza absurdos da política em nova temporada de ‘O Corrupto’

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Com bastante matéria-prima ao seu dispor, sobretudo nas páginas de política dos jornais nacionais e estadual, o ator Frank Menezes estreia nova temporada da comédia “O Corrupto”, nesta sexta-feira (16), e segue em cartaz com a peça até 24 de agosto, sempre às 20h30, no Café-Teatro Rubi, em Salvador.

O escopo do espetáculo continua o mesmo de três anos e meio atrás, quando foi apresentado pela primeira vez, mas, além das ilegalidades mais cotidianas que parecem fazer parte da cultura brasileira, como falsificar carteiras de meia-entrada e não pagar pensão alimentícia, a peça inclui algumas pinceladas sutis de temas da atualidade. Dentre as referências estão gravações clandestinas no submundo da política, comunicação em libras, operação Lava Jato, delações premiadas, invasões hackers e alianças espúrias.

No espetáculo, Frank Menezes encarna um professor que ministra um curso de corrupção ativa | Foto: Divulgação

Na montagem, que marca a estreia de Frank Menezes como autor de texto teatral, ele interpreta um professor de corrupção ativa, responsável por ministrar aulas para alunos não muito promissores, representados pelo público.  “É um curso de recuperação e eles estão repetindo pela quinta vez. Isso é uma forma de botar panos quentes e dizer para a plateia assim: ‘Vocês não têm talento para serem corruptos, por isso vocês não conseguem passar’. É uma forma de eu amenizar a culpa”, conta o ator baiano. “Me desculpe o termo, mas, por ser um professor de corrupção, ele é um cara escroto, um escroque, um canalha – porque uma pessoa que dá um curso de corrupção não vale nada -, então, ele está super por dentro do assunto e, é claro, que conhece muita gente em Brasília. Aí eu aproveito disso, dele ser um conselheiro da ONG supra corruptiva, e o que a mídia vai me dando, do que vamos sabendo a partir da atualidade, eu vou inserindo no texto”, explica o artista, contando que ao final da peça sempre pede desculpas por interromper a aula mais cedo para realizar uma viagem à capital federal, onde deve se reunir com figurões da política. “Aí eu sempre improviso quem são as pessoas, digo que tem questões que a gente precisa resolver na madrugada. Aí eu aproveito pra dizer que a gente vai fazer a reunião no subsolo do Palácio do Jaburu, porque Temer esqueceu o misturador de voz…”, brinca.

Se por um lado, a quantidade de temas risíveis no cenário político do país serve de inspiração para novas piadas, por outro, o excesso de absurdos pode dificultar a seleção e até representar uma concorrência entre os profissionais do humor e os agentes públicos. “Outro dia eu brincando disse que estou com medo do governo atual me cobrar um percentual, porque eles acabam sendo autores também”, ironiza Frank Menezes. “É inacreditável. Mas, ao mesmo tempo que está sendo complicado pra mim, tá sendo um prato cheio. O mais difícil agora é selecionar o que eu vou dizer. Essa semana eu estava ensaiando e toda hora chegava uma novidade. Eu disse: ‘Meu Deus, a peça vai ficar com três horas!’”, diz o ator, que considera o presidente Jair Bolsonaro um dos maiores provedores de absurdos risíveis. “É ele basicamente que ajuda, né. Eu prefiro rir do que ter um infarto de raiva desse homem”, pontua. “Ele é tão paradoxal, absurdo, perverso. E a perversidade dele ainda percebo que pode estar alimentando as pessoas que o seguem”, avalia.

Outra novíssima inspiração para a atualização da peça foi a Vaza Jato, série de reportagens que tem ganhado repercussão mundial por revelar que os heróis de ontem talvez não sejam tão honestos e poderiam figurar em uma das três modalidades citadas pelo artista no palco: corrupto latente, oculto ou encoberto. “Eles podiam ser meus monitores, né? Ou então eu poderia ter aprendido com eles”, diz Frank Menezes sobre o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o procurador Deltan Dallagnol, que tiveram conversas privadas vazadas, trazendo a público as entranhas da Lava Jato e alguns comportamentos moralmente inadequados ou até ilegais. “É engraçado e terrível. Nós brasileiros somos tão carentes de heróis. Eu achei uma bobagem transformar eles em heróis. Isso é frágil, bobo, eles estavam apenas fazendo o trabalho deles”, diz o ator, destacando o perigo e o seu temor com relação ao comportamento supostamente religioso de figuras como as duas autoridades, que acaba se revelando “muito hipócrita”. “Será realmente que aquilo que você prega você faz?”, questiona Menezes, que até o fim do ano deve fazer algumas temporadas de “O Corrupto” na Bahia e no verão de 2020 levará seu conselheiro da ONG supra corruptiva em uma turnê pelo Nordeste.

SERVIÇO
O QUÊ:
 “O Corrupto”
QUANDO: Sexta-feira e sábado, 16 a 24 de agosto, às 20h30
ONDE: Café-Teatro Rubi – Salvador (BA)
VALOR:  Couvert artístico de R$ 50

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