O bombardeio dos Estados Unidos a três instalações nucleares do Irã, realizado no último sábado (21), elevou a tensão no Oriente Médio e provocou reações de alerta e condenação em diversas capitais ao redor do mundo. A operação militar, batizada de “Martelo da Meia-Noite”, foi autorizada pelo presidente Donald Trump e representa um novo e perigoso capítulo na já delicada relação entre Washington e Teerã.
Os alvos foram as instalações de Fordow, Natanz e Esfahan, locais estratégicos do programa nuclear iraniano. Segundo o Pentágono, a ação teve como objetivo reduzir significativamente a capacidade do Irã de enriquecer urânio e pressionar o regime iraniano a retornar à mesa de negociações. A ofensiva ocorreu após ataques israelenses ao centro nuclear iraniano no início de junho e uma série de retaliações por parte de Teerã.
Cresce o temor de escalada regional
A reação iraniana foi imediata. Teerã classificou o ataque como uma “agressão grave contra sua soberania” e prometeu uma resposta “na hora certa e da maneira adequada”. Imagens de satélite confirmam que o complexo de Fordow, um dos mais protegidos do país, foi seriamente danificado, mas autoridades iranianas garantem que o programa nuclear “segue intacto”.
O ataque repercutiu internacionalmente. Rússia e China condenaram a ação, classificando-a como uma violação do direito internacional e da Carta da ONU. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou que a decisão de bombardear instalações nucleares foi “irresponsável e extremamente perigosa”, enquanto Pequim alertou que os EUA estão “exacerbando tensões e alimentando o risco de um conflito generalizado”.
Organizações como a ONU e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) expressaram preocupação com os possíveis impactos da operação sobre a estabilidade da região e o controle de armas nucleares.
Coordenação com Israel e silêncio da Europa
O ataque americano foi coordenado com Israel, segundo fontes do governo israelense. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu elogiou a operação em pronunciamento oficial, reforçando que as ações visam conter a ameaça nuclear representada pelo Irã.
Já os principais líderes europeus mantiveram silêncio ou adotaram tom moderado. A União Europeia manifestou “profunda preocupação” e pediu “moderação de todas as partes”.
Impactos diplomáticos e riscos de guerra
Especialistas internacionais alertam para os riscos de um conflito mais amplo. Milícias ligadas ao Irã em países como Líbano, Síria e Iraque já sinalizaram apoio ao regime iraniano, e há temor de que ativos americanos na região possam ser alvo de novos ataques. Bases militares dos EUA e aliados no Golfo estão em estado de alerta máximo.
A ofensiva também deve comprometer de forma definitiva qualquer tentativa de reativar o acordo nuclear de 2015, abandonado pelos EUA ainda no primeiro mandato de Trump. Para analistas, a retomada do diálogo ficou ainda mais improvável diante da nova escalada militar.
O que vem a seguir?
A expectativa agora é pela resposta iraniana. Enquanto Teerã promete retaliação, Washington reforça que não deseja uma guerra prolongada, mas está “preparado para agir com firmeza”, segundo o secretário de Defesa.
A crise entre EUA e Irã, já longe de ser simples, atinge agora um novo nível de gravidade. O mundo acompanha com apreensão os próximos desdobramentos de um conflito que pode sair do controle a qualquer momento — e arrastar consigo todo o Oriente Médio.