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terça-feira 24 de setembro de 2024 às 13:10h

‘Ataque de Israel ao Hezbollah é estratégia de alto risco’

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Parece difícil acreditar que faz menos de uma semana que dispositivos de comunicação do Hezbollah começaram a explodir em todo o Líbano.

Os dias que se seguiram representaram uma série de reveses catastróficos para a temida milícia xiita apoiada pelo Irã.

Com suas redes de comunicação interrompidas, combatentes mutilados, liderança assassinada e infraestrutura militar sob constante bombardeio, o Hezbollah enfrenta a sua pior crise em quatro décadas.

Agora, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirma que a campanha está “se aprofundando”, como mostram as quase 500 mortes causadas pelos bombardeios israelenses nas últimas horas.

Mas é uma estratégia de alto risco, na qual a capacidade de resposta do Hezbollah não pode ser ignorada.

Com sirenes de alerta soando constantemente em todo o norte de Israel, Gallant pediu à população para “demonstrar compostura, disciplina e total obediência às diretrizes do Comando Militar de Defesa Civil”.

Vimos tudo isso na mesma proporção quando visitamos a pequena comunidade de Givat Avni, a uma curta distância a oeste de Tiberíades.

David Yitzhak nos mostrou o local onde um foguete de 120 mm atravessou o telhado da casa da sua família na hora do almoço na última segunda-feira (23).

Como as sirenes de alerta estavam soando, David levou a esposa e a filha de seis anos para o cômodo seguro da casa, segundos antes da explosão.

“Um metro (de distância) entre a vida e a morte”, disse David, indicando a curta distância entre o cômodo seguro e o buraco no quarto da filha.

Ele afirma que não sente nenhuma animosidade em relação ao povo do Líbano, mas diz que o Hezbollah iniciou a guerra sem motivo.

“Então, agora, estamos retribuindo. E vai ficar tudo bem.”

Mas Givat Avni fica a 30 quilômetros da fronteira com o Líbano, longe da zona de retirada de civis estabelecida pelas autoridades há quase um ano.

Uma hora depois, quando chegávamos ao Kibutz Lavi, na vizinhança, que abriga famílias desalojadas do extremo norte, as sirenes soaram novamente.

Foguetes apareceram no céu e, quando fomos conduzidos a um abrigo subterrâneo repleto de crianças e suas obras de arte, ouvimos uma série de estrondos profundos e ressonantes.

Uma hora depois, mais sirenes de alerta, outro cômodo seguro e explosões mais distantes.

O Hezbollah vinha disparando foguetes contra Israel, mesmo antes da última escalada do conflito. Mas agora uma faixa ainda maior do norte de Israel está na linha de fogo.

Tudo isso está adicionando um senso de urgência às ações do governo.

Após uma reunião com os chefes da Defesa, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que Israel estava mudando o equilíbrio de poder no norte.

“Estamos enfrentando dias complexos”, disse. “Não esperamos por uma ameaça. Nós a antecipamos. Em qualquer lugar, em qualquer arena, a qualquer hora. Eliminamos autoridades de alto escalão, eliminamos terroristas, eliminamos mísseis.”

Após terem tomado a iniciativa, os militares de Israel parecem determinados a manter o Hezbollah na posição defensiva, na esperança de concretizar o objetivo do governo de levar de volta às suas casas os civis desalojados ao longo da fronteira norte.

Na manhã de segunda-feira, deu um passo além, e ordenou aos moradores libaneses que deixassem os locais onde acredita que o Hezbollah esconde suas armas mais potentes.

As autoridades militares mostraram aos jornalistas um vídeo de um ataque aéreo no qual Israel afirma ter destruído um míssil de cruzeiro russo modificado, escondido dentro de uma casa.

Em outra “ilustração”, eles apresentaram uma maquete em 3D da estrutura de um vilarejo no sul do Líbano, repleto de armas e equipamentos escondidos.

A maquete e as instruções para que os civis deixassem o local ecoavam os esforços de Israel para explicar suas ações em Gaza.

Mas as autoridades militares insistem que, diferentemente de Gaza, os alertas não significam que o Exército esteja preparado para avançar no terreno no sul do Líbano.

“Atualmente, estamos nos concentrando apenas na campanha aérea israelense”, disse uma autoridade de alto escalão na segunda-feira.

Parece que, por enquanto, Israel vai ver o que consegue alcançar a partir do ar.

Um ex-comandante, em entrevista ao Channel 12 de Israel, disse que, até agora, a Força Aérea tinha mostrado apenas uma fração das suas capacidades.

Mas há um limite para o que Israel é capaz de alcançar a partir do ar, mesmo que, como parece possível, os aviões estejam prestes a devastar vilarejos inteiros.

Em algum momento, uma invasão terrestre — por mais limitada que seja — parece inevitável.

Mas isso seria sensato?

“Isso é exatamente o que o Hezbollah quer”, disse Jacques Neria, pesquisador do Centro de Segurança e Relações Exteriores de Jerusalém, ao i24 News.

“Os moradores do sul do Líbano são soldados do Hezbollah”, disse. “E, assim, teremos que lutar contra uma massa que não conhecemos, em condições desconhecidas.”

Em discurso na semana passada, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, desafiou Israel a tentar criar uma zona tampão (região considerada neutra, entre dois Estados em conflito) no sul do Líbano, algo que o chefe do Comando do Norte de Israel estaria pressionando.

Tal esforço, ele disse, teria “consequências terríveis” para Israel.

No momento, não há sinal de saída diplomática.

Os esforços liderados pelos EUA para neutralizar o conflito entre Israel e o Hezbollah foram por água abaixo, assim como as negociações destinadas a garantir um cessar-fogo em Gaza e a libertação dos reféns israelenses.

A lógica militar fria — de ataque e contra-ataque — parece ter assumido o controle.

Esta não é uma batalha entre iguais. Israel sabe que pode derrotar o Hezbollah.

Existe uma assimetria completa no nível de destruição e sofrimento que cada lado pode infligir ao outro.

Mas para onde vai o conflito e até que ponto vai piorar antes de terminar, ninguém sabe.

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