Em uma clara estratégia de fortalecimento político, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) tem distribuído cargos públicos em larga escala segundo a coluna Pombo Correio, para prefeitos e ex-prefeitos que perderam ou foram derrotados nas eleições municipais. A prática, que vem se intensificando desde o fim do último pleito, transformou a estrutura administrativa do Estado em um verdadeiro palanque eleitoral voltado para 2026.
Prefeitos da oposição abraçam o governo
Nas últimas semanas, gestores municipais que apoiaram ACM Neto e outras lideranças oposicionistas migraram para a base de Jerônimo. Entre os que já garantiram cargos estão os prefeitos de Guanambi (Nal Azevedo, Avante), Paulo Afonso (Mário Galinho, PSD), Buritirama (Dr. Léo, MDB), Nilo Peçanha (Jacque Soares, Podemos) e Itapetinga (Eduardo Hagge, MDB) Além disso, nomes como Zé Cocá (PP), reeleito em Jequié com quase 92%, e Ednaldo Ribeiro (Republicanos), da cidade de Cruz das Almas, têm sido cortejados com convites para integrar a equipe estadual.
Cargos
Na reforma administrativa, prevista para o início de 2025, Jerônimo planeja acomodar prefeitos de cidades menores, como Amargosa, Santo Estêvão e Castro Alves, com pastas tanto na esfera estadual quanto federal – alguns assumiriam secretarias nacionais ligadas ao governo do presidente Lula da Silva (PT).
Crescimento da base eleitoral
Com cerca de 85% das prefeituras baianas controladas pelas legendas aliadas – 358 dos 417 municípios – o governo constrói um robusto aparato político. O PSD, Avante, PT, MDB e outros partidos da base ostentam cerca de 310 prefeitos eleitos em 2024, enquanto a oposição se restringe a apenas 107.
Gestão com viés eleitoral
Para analistas, a estratégia traduz um uso explícito da máquina pública como instrumento eleitoral. Adolpho Loyola, secretário de Relações Institucionais, lidera a costura desses acordos regionais, visando construir apoios antecipados à reeleição do governador.
Críticas e riscos
Líderes da oposição, como ACM Neto, manifestam preocupação de que o governo estadual esteja perdendo o caráter técnico-administrativo, sendo moldado prioritariamente por interesses políticos. Parlamentares da base também têm expressado desconforto nos bastidores, atribuindo aos apoios precipitados o risco de criar “inchaço” na máquina pública e comprometer a governabilidade.
Com a montagem de uma estrutura estatal recheada de líderes municipais — muitos com histórico recente de disputa acirrada — o governo baiano aparece cada vez mais como laboratório eleitoral para 2026. Mesmo com forte domínio no interior, especialistas apontam que a disputa nas capitais e cidades médias deverá ser ponto de tensão, e o uso dos instrumentos estaduais será monitorado de perto pela oposição.