O advogado do ex-ministro da Justiça Sergio Moro defendeu a divulgação na íntegra do vídeo da reunião ministerial na qual o presidente Jair Bolsonaro teria cobrado mudanças na Polícia Federal (PF) e o teria ameaçado de demissão caso não concordasse. Segundo Rodrigo Sánchez Rios, que representa Moro, a gravação confirma as declarações de Moro de que foi pressionado.

O vídeo está sob sigilo, mas foi exibido nesta terça-feira para investigadores da Procuradoria-Geral da República e da PF, além da defesa de Moro, do próprio ex-ministro e de representantes da Advocacia-Geral da União (AGU). O material faz parte de um inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar o caso e é considerado peça-chave na investigação.

“Assistimos hoje ao vídeo da reunião interministerial ocorrida em 22 de abril. O material confirma integralmente as declarações do ex-ministro Sergio Moro na entrevista coletiva de 24 de abril e no depoimento prestado à PF em 2 de maio. É de extrema relevância e interesse público que a íntegra desse vídeo venha à tona. Ela não possui menção a nenhum tema sensível à segurança nacional”, disse em nota o advogado de Moro, Rodrigo Sánchez Rios.

O inquérito no STF, no qual Bolsonaro e Moro aparecem como investigados, foi aberto pelo ministro Celso de Mello a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras. As imagens do encontro do conselho de ministros realizado em 22 de abril poderão esclarecer a disputa de versões entre o presidente e seu ex-auxiliar. O presidente nega ter tentado interferir nos trabalhos da PF.

O acesso ao vídeo foi autorizado por Celso de Mello no último sábado. O ministro justificou a decisão com a intenção de que as partes possam, tendo conhecimento do que se passou na reunião ministerial, orientar a formulação de perguntas às testemunhas durante os depoimentos. A reunião foi gravada em vídeo pela própria Presidência da República. A gravação foi apontada por Moro como prova de suas acusações contra Bolsonaro.