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sexta-feira 3 de dezembro de 2021 às 14:17h

Aécio critica Doria, Bruno Araújo, Alckmin, Moro e Bolsonaro; leia entrevista

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Apoiador de Eduardo Leite na disputa contra João Doria nas prévias do PSDB, o ex-governador de Minas Gerais e deputado federal Aécio Neves (MG) sustenta que ainda não vê condições de o governador de São Paulo, escolhido em votação interna, liderar a terceira via.

Na entrevista ao jornal O Globo, o deputado critica a aproximação de Geraldo Alckmin com o ex-presidente Lula, diz que Bolsonaro não representa “ideia de país” e também alfineta o ex-juiz Sergio Moro, pré-candidato pelo Podemos.

Réu na Justiça Federal de São Paulo em caso da Lava-Jato, o tucano diz que prepara um livro para apresentar sua versão e tratar do “conluio” do Ministério Público. Aécio virou alvo da Lava-Jato a partir da delação de Joesley Batista, do Grupo J&F. O empresário afirmou ter pago propina no valor de R$ 2 milhões ao deputado. Leia a entrevista a seguir:

Qual é a avaliação do processo e do resultado das prévias?

O resultado final atende ao enredo previsto e montado pelo presidente Bruno Araújo, desde quando, em março, sem reunir a Executiva, sem consultar ninguém, com exceção obviamente do João Doria, marcou para este ano as prévias, ao contrário do que tínhamos proposto, que ocorresse no primeiro trimestre do ano que vem, já com um ambiente político um pouco mais claro.

Como se saiu Eduardo Leite?

O Eduardo ainda foi extremamente vitorioso ao ter metade do partido ao seu lado, tendo como única arma o seu discurso e a esperança que ele gerava. E, de outro lado, uma máquina avassaladora do governo de São Paulo. Jamais havia visto funcionar dessa forma. E até com muita competência, mas sem limites. Mas ele venceu, nós aceitamos o jogo.

Pretende deixar o partido a partir da escolha de Doria?

Jamais pensei nisso. Não há razão para isso. Estou construindo o PSDB ao longo de 33 anos. Não é uma circunstância de uma eventual candidatura que vai nos fazer abandonar aquilo que acreditamos. Isso serve para mim e para outras lideranças do partido. Estamos e ficaremos no PSDB. Isso é apenas uma etapa. E se o governador Doria conseguir viabilizar a sua candidatura e quiser o apoio do conjunto do partido, acho que ele tem condições de buscar. Mas, agora, os gestos são muito mais dele do que nosso.

Haverá reação?

Eu não faço política com o fígado. Falta de empatia com A ou B não vai orientar as minhas posições políticas. Sempre coloquei com clareza que, entre as candidaturas de Eduardo e Doria, a do Eduardo, e continuo achando, é a que tinha as melhores condições de agregar forças em torno do PSDB. Não vejo ainda condições do governador de São Paulo de fazer isso. Ele tem a autoridade para, em nome do PSDB, construir a sua candidatura. E ele será candidato se conseguir viabilizar isso.

O que pode acontecer daqui pra frente?

As coisas mudam na política com muita rapidez. Não sei se Eduardo Leite está totalmente fora desse jogo para 2022. Mas no momento eu reconheço: cabe ao governador João Doria, que adquiriu essa condição, não importa como, de liderar o PSDB.

Há uma proliferação de pré-candidaturas para enfrentar Lula e Bolsonaro. Com quem conversar?

Acho que todas essas candidaturas no centro têm que dialogar. O ideal seria ter uma só. Independentemente do resultado dessas eleições, acho que o PSDB será o partido da reinstitucionalização da política.

O que acha da possível chapa Lula-Alckmin?

Vejo com muito estranhamento. Eu lamento muito que o governador Geraldo Alckmin, pela sua história dentro do partido, não tenha escolhido o partido como seu campo de luta. Vivemos três anos consecutivos de recessão em razão da política da nova matriz econômica do PT. Nós queremos isso de novo?

E por que o senhor está em trincheira diferente de Bolsonaro?

Porque o Bolsonaro não representa ideia de país mais. Na verdade, ele representa hoje um segmento de pensamento da sociedade conservador, de extrema-direita, que não é o nosso sentimento.

Como o senhor avalia o papel da Lava-Jato de forma geral e especificamente sobre o seu caso?

A Lava-Jato cumpriu um papel importante no Brasil, mas houve exageros claros. Meu caso é um deles. Tanto que a Justiça está demonstrando isso em todos os inquéritos que foram abertos pelo (Rodrigo) Janot à época. E houve uma motivação claramente política. Praticamente todos eles estão arquivados por iniciativas do próprio Ministério Público. Mas isso não tira os desgastes que estão aí. Acho até que o (Sergio) Moro precisa fazer algo que quem sabe ajudaria na sua própria candidatura. Ele próprio pedir para tornar públicas todas as gravações que foram parcialmente divulgadas. Acho que seria uma forma de mostrar realmente aqueles que o veem como uma alternativa que ele não utilizou da sua função pública para viabilizar um projeto político. Isso faria bem à sua própria candidatura. Porque é uma curiosidade de conhecer o próprio Moro. Eu não conheço as opiniões políticas do Moro, o que ele pensa de economia, do mundo, em relação ao agronegócio, Amazônia. Eu não conheço essas propostas.

O senhor virou réu recentemente pela Justiça Federal de São Paulo. Esse caso ainda está pendente.

Isso. E tem coisa de campanha, que envolve muitas pessoas. Porque todas as contribuições de campanha viraram inquéritos. Eu fui candidato à Presidência da República. O financiamento era feito por pessoas jurídicas. Então qualquer um que dizia que deu ajuda na campanha havia um inquérito. Então todos esses estão sendo arquivados. Mas a Justiça tem seu tempo. E esse outro também. Fui vítima de uma armação criminosa e de um conluio entre Ministério Público e esse cidadão da JBS que são réus confessos de mais de 200 crimes e criaram ali uma falsa narrativa para conseguir imunidade absoluta dos seus crimes, o que foi dado pelo Ministério Público. Mas eu confio muito no tempo. Eu tenho um projeto, já está até razoavelmente adiantado, que é um livro contando todos os episódios, o passo a passo, do que ocorreu, quando eles saem da sede da PGR para fazer as gravações.

Houve críticas ao PSDB recentemente em relação à postura diante da PEC dos precatórios. O senhor e a maioria da bancada votaram a favor. O PSDB traiu os ideais de responsabilidade fiscal?

É uma questão realmente polêmica. Foi objeto de muitas discussões internas. E a maioria da bancada, independentemente de questão de governo ou não, optou por esse caminho achando que era preciso e é preciso de um programa social desse tamanho, pós-pandemia, mais robusto. Defendemos muito que a questão dos precatórios da Educação ficasse fora desse teto. E foi uma negociação que o PSDB participou e possibilitou isso. Agora, é um erro considerar que determinadas votações aqui significam apoio ao governo Bolsonaro.

E o voto impresso?

Também se transformou em algo muito raso, relevante em todas as democracias modernas no mundo. A possibilidade de impressão de voto virou plebiscito: se é contra ou a favor de Bolsonaro. O PSDB, em 2015, votou unanimemente a favor da possibilidade do voto impresso. Ninguém nem sabia o que o Bolsonaro pensava em relação a isso. Então, de repente tem que ficar contra porque se não estará apoiando o governo? Acho que as análises, muitas delas, estão rasas e superficiais. É preciso analisar o mérito de cada proposta.

Como avalia a gestão do Zema?

Não é uma má pessoa, apenas que não tem a dimensão que um governador de Minas poderia ter influenciando os grandes temas nacionais.

PSDB vai apoiar o Zema, já que faz parte do governo?

Não participamos (da estrutura) do governo, mas somos da base na Assembleia. Essa é uma possibilidade que existe. Não tem nada avançado ainda.

O senhor vem com mais uma candidatura a deputado?

É o que estou discutindo internamente. É uma possibilidade. Vamos ver, mas ainda tenho uma estrada pela frente.

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