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segunda-feira 18 de abril de 2022 às 06:28h

“ACM Neto pode ter êxito ao não nacionalizar a eleição”

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Diretor de um dos institutos de pesquisa mais importantes do país, o Quaest Consultoria e Pesquisa, Felipe Nunes acredita de acordo com entrevista ao Tribuna, que o pré-candidato ao governo da Bahia, ACM Neto (União Brasil), pode ter êxito na estratégia de não nacionalizar a eleição no estado.

Na avaliação dele, a maior dificuldade de Jerônimo será enfrentar o baixo desempenho na Secretaria de Educação, pasta que comandou até início de abril deste ano.

Confira abaixo entrevista ao jornal Tribuna:

Tribuna – Como o senhor avaliou os números da pesquisa Quaest sobre o cenário baiano? O ex-presidente Lula é realmente uma ameaça ao favoritismo de ACM Neto?
Felipe Nunes – Será uma eleição muito interessante a ser acompanhada. ACM Neto tem alto conhecimento e baixa rejeição, o que lhe confere grande vantagem, já que disputa neste momento contra candidatos desconhecidos. O que pode fazer a diferença é o alinhamento político desses candidatos a lideranças nacionais. ACM Neto independente, não terá a rejeição de Bolsonaro, mas Jerônimo pode ter a ajuda da popularidade de Lula.

Tribuna – A estratégia de ACM Neto é não nacionalizar a eleição. É possível ter êxito com essa estratégia? Como ocorre a nacionalização em outros estados brasileiros?
Felipe Nunes – Claro que sim. Se o eleitor da Bahia quiser um governador que resolva seus problemas, independentemente de quem é o seu aliado para presidente, ACM pode ter bom desempenho. Será a guerra de narrativas eleitorais que facilitará ou dificultará o êxito desta estratégia.

Tribuna – Pela pesquisa, é possível dizer quais serão os fatores decisivos nesta eleição?

Felipe Nunes – A economia terá um papel central na disputa, o bem-estar, a qualidade de vida. O eleitor brasileiro procura hoje alguém que seja capaz de resolver a questão econômica, para que ele possa ter bem-estar novamente. Quem conseguir convencer o eleitor de que tem um bom plano para melhorar a vida dele, tende a vencer a eleição deste ano.

Tribuna – O ex-ministro João Roma tem tentado se viabilizar como o candidato do presidente da República. No entanto, Jair Bolsonaro tem uma rejeição muito alta na Bahia. O senhor acredita que é possível reverter?
Felipe Nunes – Tudo é possível quando se trata de opinião pública. Mas, de fato, o cenário de hoje é mais desfavorável aos candidatos bolsonaristas na Bahia.

Tribuna – O eleitorado baiano mostrou que não queria Jaques Wagner como candidato a governador da Bahia. O senhor acha que essa rejeição pode ter influenciado na decisão dele de não ser candidato?
Felipe Nunes – Não sei se Jaques Wagner se baseou em pesquisa para tomar essa decisão, mas com certeza a pesquisa Genial/Quaest na Bahia confirmou que sua intuição ou informação estavam orientando sua desistência corretamente.

Tribuna – Com uma rejeição menor, acha que Jerônimo Rodrigues, embora seja desconhecido ainda da maior parte do eleitorado, pode ser um candidato mais competitivo do que Jaques Wagner?
Felipe Nunes – O modelo que o governo está tentando em 2022 já foi testado no passado, e deu certo. Rui Costa também era desconhecido e não testado. Ele também se beneficiou da boa avaliação do governador da época. A diferença agora é que do outro lado está um governante também muito bem avaliado, ACM Neto. Paulo Souto em 2014 já não era mais uma unanimidade no Estado.

Tribuna – Dá tempo de Jerônimo Rodrigues se tornar um candidato competitivo ao governo?
Felipe Nunes – Dá sim. A maior parte da população ainda não tomou a decisão final sobre o voto. Ao longo dos meses é provável que a gente veja o crescimento do candidato do governo quando seu nome se tornar mais conhecido, e sua aliança com Lula e Rui ficarem mais em evidência.

Tribuna – O candidato do PT ao governo da Bahia é o ex-secretário de Educação, Jerônimo Rodrigues. O governo não foi bem-sucedido na Educação, com baixo desempenho no IDEB, por exemplo. Isso pode prejudicá-lo na campanha?
Felipe Nunes – Este é, talvez, o maior desafio que Jerônimo enfrentará nesta eleição. Os resultados de sua secretaria não saltam aos olhos. Vai ser preciso ter tempo para explicar bem por que ele não conseguiu melhorar a educação da Bahia a ponto de retirá-la desta posição negativa. Acredito que a campanha de ACM terá dados e exemplos para mostrar as consequências dessa gestão negativa; enquanto a campanha da situação tentará jogar a responsabilidade na pandemia.

Tribuna – Há chance de haver segundo turno na Bahia?
Felipe Nunes – Hoje, é mais provável que a eleição seja definida no primeiro turno. São apenas dois candidatos fortes. A menos que Bolsonaro melhore sua avaliação na Bahia e sirva de alavanca para o seu candidato no estado, é difícil imaginar a possibilidade de dois turnos.

Tribuna – Como avalia o cenário presidencial a partir da perspectiva da Bahia?
Felipe Nunes – A Bahia é a entrada do Nordeste, onde Lula leva vantagem considerável sobre Bolsonaro. Para vencer nacionalmente, Lula precisa sair do Nordeste com votação parecida com a que Dilma teve em 2014 e 2010, e a votação que Lula teve em 2006. Ou seja, vencer de muito na Bahia vai ser determinante para uma possível vitória de Lula no país.

Tribuna – E como observa a disputa pelo Senado na Bahia?

Felipe Nunes – Aberta e indefinida. 71% não escolheu seu candidato ainda. Otto Alencar é favorito, mas eu não descarto que Zé Ronaldo e João Leão possam crescer, dado seus índices de desconhecimento.

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