Jair Bolsonaro (PL) evitou externar críticas públicas, mas em conversas reservadas segundo Bela Megale, colunista do O Globo, não escondeu sua “decepção” com o ministro Nunes Marques sobre o pedido de sua defesa no processo do golpe. O magistrado, indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) por Bolsonaro quando foi presidente, votou pela permanência de Cristiano Zanin e Flávio Dino no julgamento da denúncia da tentativa de suposto golpe de 8 de janeiro de 2023. Ambos integram a Primeira Turma da Corte, que vai apreciar o caso a partir desta terça-feira (25).
Nunes Marques também foi a favor de rejeitar o pedido da defesa de Walter Braga Netto para que o relator, Alexandre de Moraes, fosse afastado do julgamento.
Nas conversas que teve com aliados sobre as decisões de seu indicado ao Supremo, Bolsonaro fez questão de destacar que tinha mais “tristeza” em relação a Nunes Marques do que “raiva.
Em seu voto, o ministro afirmou que tanto Dino quanto Zanin não teriam “qualquer interesse de natureza extrapenal” em relação a Bolsonaro e a um eventual resultado desfavorável a ele. A defesa do ex-presidente alegou que os dois magistrados não poderiam julgar o ex-presidente porque já apresentaram ações contra o capitão reforrmado no passado.
A coluna de Bela Megale apurou que, há poucas semanas, quando Bolsonaro apresentou o pedido para que os ministros não o julgassem, sua defesa tentou marcar uma agenda com Nunes Marques para falar sobre a solicitação. O ministro, porém, optou por não receber os advogados do ex-presidente naquela ocasião.
Nunes Marques já tinha sinalizado para colegas da corte que não via razões para o impedimento de Zanin e Dino no julgamento da tentativa de golpe. O caso não será julgado no plenário, que tem a totalidade dos ministros do STF, mas na Primeira Turma, que conta com cinco magistrados, sendo eles Cristiano Zanin, o presidente do colegiado, Alexandre de Moraes, o relator, e os ministros Cármen Lúcia, Luiz Fux e Flávio Dino.