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Comte Bittencourt - Foto: Divulgação
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quarta-feira 26 de fevereiro de 2025 às 16:34h

‘Perdemos muito com a federação’ com PSDB, diz presidente do Cidadania

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Comte Bittencourt, presidente do Cidadania, afirmou em entrevista ao Uol que o partido perdeu muito com a federação formada em 2022 com o PSDB. Na última quarta (19), o Cidadania anunciou sua intenção de encerrar a parceria com os tucanos.

Na conversa, Bittencourt explicou as razões do fracasso da parceria com o PSDB, fez críticas à forma como todo o processo foi conduzido e esclareceu quais devem ser os próximos passos do partido. Entre eles estão a definição de uma agenda mais clara e a busca de novos parceiros para as eleições de 2026.

Por que não vingou?

Uma decisão tomada “num tempo muito curto” que deixou o partido “muito dividido”. Assim Bittencourt definiu o processo que deu origem à federação PSDB-Cidadania. Após a oficialização da parceria, ele crê que os tucanos não se preocuparam em criar um ambiente para construção de um pensamento político comum.

A federação foi um instituto que para nós não funcionou. Não tivemos tempo de maturá-la. E ele surge num partido muito fraturado, porque o debate foi num tempo muito curto e o partido ficou muito dividido. Por outro lado, não houve uma compreensão do partido mais forte dessa federação na relação, no trato, com o partido menor, que éramos nós. Então, houve ali uma crise interna grande para o partido mais forte. Apesar das boas relações com o governador Marconi Perillo, com o deputado Adolfo (Viana) e o deputado Paulo Abi-Ackel, com todos os quadros do PSDB. Mas não funcionou. Nós acabamos não tendo um ambiente para construir um pensamento político da federação para o Brasil.

ComteBittencourt, presidente do Cidadania

Federação virou, na prática, coligação

Os partidos atuaram juntos em eleições, mas não conseguiram formar unidade ideológica, crê Bittencourt. “Não teve liga”, resume ele. Na sua opinião, o PSDB devia ter sido “mais generoso” em relação a políticas e opções do Cidadania.

A única agenda que funcionou na federação foi a agenda eleitoral. Na agenda eleitoral, a gente volta àquilo que a reforma partidária tentou tirar: as coligações. As coligações eram só episódios dos partidos se juntarem no período eleitoral. A federação, não. Por isso, o ciclo de duas eleições. Por isso, a legislação colocou quatro anos, mas que, no fundo, são duas eleições. Você cumpre dois ciclos eleitorais, um nacional e estadual e um municipal, para ver se houve liga, se teve ali a identidade (…) Mas o atual PSDB não teve liga, apesar de todo o respeito a alguns dos atores que lá estão.

O PSDB, como partido mais forte nessa federação do que o Cidadania, deveria ter tido uma compreensão de que, para efetivamente consolidar essas relações, ele tinha que ser um pouco mais generoso do ponto de vista da compreensão das políticas do Cidadania e das opções do Cidadania. Nós perdemos muito com a federação. Perdemos muito já na partida. Perdemos governador (João Azevêdo, da Paraíba, hoje no PSB), perdemos prefeito de capital (Dr.Furlan, de Macapá, reeleito com 85% dos votos pelo MDB em 2024), perdemos senadores de mandatos (Leila Barros, do Distrito Federal, que foi para o PDT). Enfim, agora é reconstruir.

Os próximos passos do Cidadania

Agora, o Cidadania quer estabelecer posições claras em relação a mudanças climáticas e segurança pública. Bittencourt lembrou que o Brasil vai sediar a COP30 e enfrenta algumas das ondas de calor mais intensas já registradas no país. Assuntos como educação, inovação e ciência e tecnologia também são prioridades.

Temos que ter posições claras sobre a questão do clima, que estamos enfrentando. O país vai sediar a COP30 e nós estamos enfrentando hoje, talvez, o calor mais extremo que a população brasileira já presenciou (…) Nós temos que ter uma agenda firme no debate da segurança, segurança pública. (…) Tem que ser agenda dos próximos presidentes, dos próximos governadores, dos próximos parlamentares. Agenda da educação, da ciência e tecnologia, inovação, das novas linguagens. O país tem que se posicionar nessa agenda de forma efetiva. O partido vai retomar essas suas bandeiras de luta.

Em busca de parceiros para 2026

O partido não deve formar nova federação. Entretanto, Bittencourt afirmou que o Cidadania entrará em diálogo com “todas as forças do campo democrático”. “A restrição é só com o fascismo”, diz ele, que espera clima polarizado em 2026 com ou sem a participação de Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) na disputa.

O centro hoje da nossa preocupação tem que ser preservar a democracia. As instituições democráticas, republicanas. As garantias individuais, os direitos individuais.

Olha, nós vamos conversar com todas as forças do campo democrático. Agora estamos liberados para isso, porque já decidimos que não continuaremos federados. Então, nós vamos, a partir de hoje, discutir as políticas do Brasil com os parceiros de outros partidos. Eu elenco do MDB ao PSB. Passando pelo PDT, pelo PV, o próprio PSD, você tem um partido aí de centro democrático. Acho que é a gente começar a ver essa configuração que é possível trazer para o Brasil.

Quem é Comte Bittencourt?

Presidente do Cidadania foi deputado estadual no Rio entre 2004 e 2018. Antes, foi vereador entre 1992 e 2000 em Niterói (RJ), onde foi eleito vice-prefeito em 2004. Em 2018, Bittencourt foi vice de Eduardo Paes (Democratas) na disputa pelo governo do estado. Em 2020, secretário de educação de Cláudio Castro (PL).

Como funciona a federação entre partidos?

Federações foram criadas em 2021. Segundo a lei eleitoral, elas são associações de abrangência nacional formadas por dois ou mais partidos que duram, pelo menos, quatro anos. A federação permite que legendas menores elejam vereadores e deputados com menos votos e funcionam como partidos nas casas legislativas.

Formato tem diferenças em relação a coligações. Válidas apenas no período de cada eleição, coligações são parcerias entre partidos que podem não coincidir nos níveis municipais, estaduais e federal. Por meio delas, legendas de diferentes tamanhos podem compartilhar tempo de TV e outros recursos durante a campanha.

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