As empresas brasileiras pagaram R$ 224,2 bilhões em proventos durante o ano de 2023, o que representa de acordo com Felipe Laurence, do jornal Valor, uma queda de 29,8% sobre os dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) desembolsados nos 12 meses anteriores. Os dados são de levantamento da plataforma Meu Dividendo.
As empresas pagaram mais proventos na forma de juros sobre capital próprio (JCP) neste ano, alcançando 44% do volume total, contra 28% em 2022, chegando ao montante recorde de R$ 99,7 bilhões, sinalizando que as companhias tentaram se antecipar às discussões da reforma tributária em Brasília que vão impactar essa modalidade de pagamento.
“Para 2024, deve-se haver a decisão a respeito das novas regras para utilização do JCP pelas companhias, já que a utilização da modalidade há um benefício de dedução de base de cálculo para se apurar os impostos sobre o lucro das empresas”, diz Wendell Finotti, fundador da Meu Dividendo.
No entanto, mesmo com o valor recorde em JCP, a queda de quase 30% no volume total de proventos mostra que as incertezas macroeconômicas e geopolíticas, assim como fatores internos, mudaram a filosofia das companhias, que buscaram reter caixa, reduzindo a distribuição.
A Petrobras se manteve como a maior pagadora de proventos no ano, distribuindo R$ 62,8 bilhoes, mas uma redução de 49,7% sobre os R$ 124,7 bilhões distribuídos em 2022, por conta das mudanças na política de dividendos que foram implementadas pelo novo conselho de administração no fim do primeiro semestre.
A Vale ficou em segundo lugar entre as empresas brasileiras que mais pagam proventos, distribuindo R$ 28,9 bilhões em 2023. No entanto, o número é uma queda de quase 13% no ano. A mineradora foi impactada pela volatilidade do minério de ferro e do câmbio durante os últimos 12 meses.
Proporcionalmente, Petrobras e Vale representaram 41% dos proventos totais pagos no mercado brasileiro em 2023, contra 49% em 2022. O setor bancário se destaca representando 23% do total de proventos distribuídos em 2023. Óleo e gás teve 29% dos proventos totais, enquanto mineradoras ficaram com 14%.
O restante do ranking das dez maiores pagadoras é dominado pelo setor financeiro, Banco do Brasil, Itaú Unibanco, BB Seguridade, Itaúsa, Bradesco, Santander e Caixa Seguridade. A única “intrusa” é Telefônica Brasil, que aparece na nona colocação entre as companhias.
Os 10 maiores pagadores
Empresa | Valor pago (em R$ bilhões) | Participação no total |
Petrobras | 62,80 | 29% |
Vale | 28,91 | 13% |
Banco do Brasil | 13,10 | 6% |
Itaú Unibanco | 12,44 | 6% |
BB Seguridade | 6,97 | 3% |
Itaúsa | 6,72 | 3% |
Bradesco | 6,56 | 3% |
Santander | 6,25 | 3% |
Telefônica Brasil | 4,29 | 2% |
Caixa Seguridade | 3,03 | 1% |